Google vira alvo de novo processo por monopólio nos EUA

Advogados-gerais de 10 Estados americanos acusam a empresa de práticas anticomerciais em negócio de publicidade digital, principal fonte de receita da empresa

PUBLICIDADE

Foto do author Bruno Romani
Por Bruno Romani e Giovanna Wolf
Atualização:
Em outubro, o Google foi alvo de um processo nos EUA por monopólio em seu sistema de buscas Foto: Brendan McDermid/Reuters

Dois meses após a abertura de um processo pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ, na sigla em inglês) e advogados-gerais de 11 Estados americanos, o Google virou alvo de um novo processo que o acusa de monopólio. Desta vez, a gigante está sendo questionada por advogados-gerais de 10 estados por conta da sua tecnologia de anúncios online - o primeiro processo está relacionado à ferramenta de buscas. Após o anúncio do processo, as ações da companhia permaneceram estáveis. 

PUBLICIDADE

O processo está sendo liderado por Ken Paxton, advogado-geral do Texas. Ele acusa o Google de promover práticas monopolistas em diversos componentes da cadeia do negócio de publicidade de digital, o que inclui aspectos de compra e venda de anúncios. As autoridades afirmam também que a compra da empresa DoubleClick pela gigante em 2008 alterou de forma fundamental o mercado, dando poderes à empresa de obter receita em todas as frentes de publicidade digital. O processo diz ainda que o Google obrigava clientes a usaram suas diferentes ferramentas para comprar e vender anúncios.

"Essas ações prejudicam cada pessoas nos EUA", afirmou Paxton em um vídeo no qual anuncia o processo. "Se o mercado fosse um jogo de baseball, o Google seria o rebatedor, o arremessador e o árbitro" 

O Facebook, que virou alvo no começo do mês de Estados americanos, também é citado no processo. Nele, é chamado de 'co-conspirador' por supostamente combinar preços de anúncios com o Google - o que configuraria uma prática de cartel. As duas empresas teriam entrado em acordo em 2017, quando a rede social anunciou que entraria no segmento. Pelo suposto acordo, o Google daria vantagens ao Facebook em leilões de anúncios voltados para aplicativos. O Facebook não comentou ainda ao processo.    

Além de multas, o processo pede que a Justiça dos EUA desmembre o negócio publicitário da empresa. O documento fala em atingir "alívio estrutural para restaurar as condições competitivas em mercados relevantes. O novo processo atinge em cheio a principal fonte de renda da gigante. No último trimestre, o Google teve receita de US$ 37,1 bilhões em publicidade, isso corresponde a 80% do dinheiro recebido pela empresa no período. 

Assim como outras gigantes de tecnologia, o Google, de Sundar Pichai, está na mira de reguladores nos EUA Foto: Greg Nash/Reuters

A gigante afirmou que as acusações são infundadas e que se defenderá no tribunal. Afirmou ainda que os preços de anúncios digitais caíram nos último 10 anos, e que cobra menos pelo acesso às suas ferramentas que o restante da indústria. “As alegações do procurador-geral Paxton sobre tecnologia de publicidade não têm fundamento, e ele foi em frente, apesar de todos os fatos”, disse Julie McAlister, porta-voz do Google.

A nota completa do Google diz: “As alegações do Procurador-Geral Paxton sobre tecnologia de publicidade não têm fundamento, mas ele decidiu seguir adiante, apesar de todos os fatos contrários. Investimos em serviços de tecnologia de publicidade modernos que ajudam empresas e beneficiam os consumidores. Os preços dos anúncios digitais caíram na última década. As taxas cobradas por esses serviços de tecnologia de publicidade também estão caindo e os valores dos serviços do Google são menores do que a média da indústria. Esses são sinais de uma indústria altamente competitiva. Vamos nos defender fortemente dessas alegações infundadas no tribunal. ”

Publicidade

Outros estados também estão investigando separadamente o negócio de buscas do Google e devem abrir em breve novas ações judicias ou então entrar em conjunto no processo já aberto pelo Departamento de Justiça.

O novo processo é reflexo de uma pressão bipartidária que tem surgido nos Estados Unidos  contra as grandes empresas de tecnologia do país. Os reguladores têm analisado o papel que Amazon, Apple, Facebook e Google desempenham na economia moderna, influenciando desde compras de consumidores até consumo de entretenimento. / COM AGÊNCIAS

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.