'A prefeitura da cidade de Recife anunciou na terça-feira, 24, que está usando sistemas de localização de cerca de 700 mil celulares de moradores para ações que incentivam que a população permaneça em casa, devido a pandemia de coronavírus. O projeto será feito em parceria com a startup pernambucana InLoco, dona de uma tecnologia de geolocalização que permite determinar identidades virtuais a partir dos dados de movimentação dos celulares pelo espaço.
Segundo o prefeito da cidade, Geraldo Júlio, o monitoramento não interfere na privacidade dos moradores nem de seus dados.“Isso é uma ação direcionada ao coletivo, nada individual, para orientarmos as ações para onde as pessoas continuam se movimentando mais. Sabemos que o índice não é 100% fiel, porque mantemos os serviços essenciais funcionando e também temos crianças e pessoas que não têm celular, mas, assim, conseguimos dar alcance específico para cada bairro", explicou durante entrevista coletiva.
O monitoramento será feito em parceria com a In Loco, empresa de inteligência de localização e vai indicar em que bairros a medida de isolamento social estará sendo cumprida. “Não existem pessoas que vão para os mesmos lugares nos mesmos momentos. A geolocalização é como uma impressão digital, que pode ser anonimizada”, diz André Ferraz, presidente executivo da startup, ao Estado.
Para captar os dados, a InLoco insere seu sistema em aplicativos de parceiros – no caso da colaboração com a Prefeitura de Recife, estarão monitorados os aparelhos que tiverem apps da Prefeitura instalados. “Mas o usuário terá de permitir que o app tenha acesso à sua localização para o recurso funcionar. Nada é feito sem consentimento”, diz. Segundo Ferraz, a InLoco vai usar as informações para determinar o porcentual de pessoas em um determinado bairro que está em casa ou não.
“Com essas informações, que serão os únicos dados que a Prefeitura vai receber, é possível por exemplo mandar um carro de som do Corpo de Bombeiros para a vizinhança, com avisos para que as pessoas fiquem em casa”, diz Ferraz. “Também é possível fazer comunicação direta: ao ver que o usuário tá saindo de casa, a prefeitura pode mandar uma mensagem pedindo para que ele tome cuidado e lave as mãos.”
Segundo ele, o projeto começou a ser desenvolvido no último final de semana e já há conversas para que outras cidades e Estados o utilizem. Além disso, o plano é tornar o recurso disponível para o público, para que os cidadãos também utilizem a ferramenta como forma de conscientização em suas cidades.
*É estagiária, sob supervisão do editor Bruno Capelas