Startup Floki levanta US$ 9 mi para automatizar ‘trabalho sujo’ de bares e restaurantes

Empresa usa tecnologia e inteligência artificial para poupar ‘dor de cabeça’, tempo e dinheiro dos donos de restaurante na hora de fazer compras

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Por Daniel Tozzi
Atualização:
Marcelo Espiga e Luigi Rodrigues, os fundadores da Floki; startup recebeu aporte de R$ 50 milhões Foto: Divulgação/Floki

Fortalecendo o mercado das “foodtechs” (as empresas de tecnologia do setor alimentício) no Brasil, a startup Floki anuncia nesta quarta-feira, 20, uma rodada de investimento de US$ 9 milhões. Com o objetivo de automatizar tarefas de compras de bares e restaurantes, a companhia promete fazer o “trabalho sujo” na hora de preencher planilhas e orçar preços com fornecedores. 

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O cheque, de cerca de R$ 50 milhões,é o primeiro grande investimentoformal da startup. A rodada foi liderada pelos fundos NFX (que, pela primeira vez, investe em empresas plataformas de compra e venda no País) e Valor Capital Group. Além deles, compõem a rodada de investimentos a Latitud, os investidores anjo Ralf Wenzel (fundador da JOKR, grupo dono do unicórnio brasileiro Daki) e Andres Bilbao (fundador da Rappi) e a Iporanga Venture Capital (que já havia liderado o aporte “pré-semente”, em dezembro de 2020). 

Mais do que trazer “paz de espírito” aos empresários, a Floki, fundada em março de 2020,garante que a automatização e as ferramentas de inteligência artificial utilizadas no processo significam, também, redução de custos e compras melhores. 

Com o investimento, a Floki pretende aumentar em até 20 vezes o volume dos valores transacionados pela empresa (atualmente em cerca de R$ 3 milhões mensais) e focar em soluções para atender grandes redes de restaurantes, que já começaram a procurar a startup — nomes, porém, não são revelados. Atualmente, a maior parte dos clientes da Floki são estabelecimentos de médio e grande porte da cidade de São Paulo, onde foi fundada em 2020 pelos engenheiros Marcelo Espiga e Luigi Rodrigues.

“Em 2013, tive que entrevistar 300 bares e restaurantes pelo Brasil para um projeto e percebi o quão caótico e ruim era o setor de compras dessas empresas”, explica Luigi Rodrigues ao Estadão. “Era tudo na base da gritaria, papel e caneta. Nos últimos anos, a única evolução tinha sido o WhatsApp”, acrescenta. 

Assim nasceu a startup, com o propósito de desenvolver um sistema que faça a ponte entre restaurantes e fornecedores de forma automatizada. A ideia é que os clientes tragam à empresa um ou mais setores de atuação específicos (como hortifrutis, bebidas, produtos de limpeza) e, a partir deles, a Floki se encarrega de identificar os fornecedores e realizar os pedidos. 

No automático

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A tecnologia da Floki entra na hora de sistematizar todos os dados “perdidos”, enviados por diferentes fornecedores. “São dezenas de clientes enviando pedidos e recebendo cotações via WhatsApp, em arquivos de Excel ou PDF, e, às vezes, com itens semelhantes escritos de maneiras diferentes. O primeiro passo é entender o que está acontecendo e organizar todas essas informações”, explica Rodrigues. 

Em seguida, a inteligência artificial se encarrega de realizar as combinações entre a necessidade dos clientes e dos fornecedores, prezando pela praticidade, qualidade e menor custo. “A tecnologia está aí para fazer esse ‘trabalho-sujo’ e ajudar na decisão mais viável sob o ponto de vista econômico e logístico”, complementa o fundador da Floki. 

Até agora, além da economia de tempo com as negociações de compra, a startup calcula que a automatização dos processos pode reduzir em até 30% os custos com mercadoria dos estabelecimentos. Para utilizar os serviços da empresa, os restaurantes pagam uma mensalidade que pode variar de R$ 200 a R$ 2 mil, dependendo do tamanho do empreendimento. 

Atualmente, a Floki conta com algumas centenas de restaurantes e bares como clientes, todos localizados na cidade de São Paulo, mas já existem planos para expandir o serviço para o interior do Estado. Parte do dinheiro do aporte recebido será direcionado para a contratação de pessoal nas áreas de tecnologia, produto e operações. 

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Pandemia e o futuro das ‘foodtechs’ 

Com dois anos recém-completos, a Floki praticamente só viveu durante o período da pandemia de covid-19. Na visão da startup, as crises sanitária e econômica certamente prejudicaram a alavancagem do negócio, mas, por outro lado, também mostraram que a ideia do empreendimento fazia muito sentido. “No meio de todo aquele caos, encontramos clientes dispostos a arcar com um custo adicional conosco para trazer praticidade ao setor de compras”, pontua Rodrigues. 

Além de promissor, os fundadores da Floki consideram o mercado das “foodtechs” uma ótima oportunidade de investir em algo com impacto direto em toda a população, e não apenas em setores específicos. “Em todos os elos da cadeia, há o consenso de que a inovação veio para ajudar. A questão é saber quais ferramentas são úteis em cada operação”, observa Rodrigues. 

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No longo prazo, o fundador jáenxerga que o modelo da startup pode ser aplicado a outros setores, além dos bares e restaurantes. Por enquanto, porém, promete ficar onde está: “Faz sentido ser especialista em uma só categoria.”. 

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