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‘Unicórnio’ Frete.com demite 15% dos funcionários e culpa desaceleração da economia

Startup focada em digitalizar o setor de transportes rodoviários garante que operação segue inalterada

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Por Guilherme Guerra
Atualização:

A startup Frete.com, especializada em digitalização do setor de transportes rodoviários, demitiu 15% do seu quadro de funcionários na quarta-feira passada, 11. A informação foi confirmada pela empresa ao Estadão, que apurou que o número equivale a cerca de 150 funcionários.

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A companhia culpa a alta mundial dos juros e a consequente desaceleração da economia como motivos para os cortes. Ainda, a startup explica que a operação deve seguir inalterada. “Este rearranjo interno da empresa não impacta em absolutamente nada as atividades desenvolvidas, uma vez que houve captação de investimentos de R$1,2 bilhão”, diz a nota à reportagem.

Em novembro de 2021, a Frete.com, então chamada levantou US$ 200 milhões em rodada liderada pela chinesa Tencent e seguida pelo conglomerado japonês SoftBank. O aporte foi o empurrão para que a companhia, fundada em 2013, se tornasse “unicórnio” (nome dado a uma startup que ultrapassa a avaliação de mercado de US$ 1 bilhão), seleto grupo de startups que hoje conta com 24 nomes.

O negócio da Frete.com envolve três frentes: o marketplace Fretebras, plataforma que conecta transportadoras a caminhoneiros em busca de serviço; o braço financeiro Frete Pago; e CargoX, consultoria de transformação digital para os nomes do setor.

Mau momento para as startups

Ao contrário do período visto até 2021, as empresas de tecnologia vêm sofrendo pressão com a alta dos juros e o cenário inflacionário, que forçam os negócios de startups a se tornar mais eficientes e rentáveis diante de investidores avessos ao risco. Por isso, com objetivo de enxugar custos, demissões tornaram-se comuns em um mercado conhecido por contratar milhares de pessoas para manter o alto ritmo de crescimento.

Segundo levantamento do Estadão, somente no Brasil, cerca de 3,9 mil demissões em massa foram realizadas entre startups “unicórnios”, clube de elite do mercado que diz respeito a pequenas empresas de tecnologia de capital fechado com avaliação superior a US$ 1 bilhão. Entre as 24 startups nacionais, 17 realizaram grandes cortes com fins de enxugamento de custos.

O quadro, porém, também atinge o mercado de startups de modo geral, sem incluir os unicórnios. A healthtech Alice cortou mais de 170 pessoas até dezembro de 2022, enquanto a Buser enxugou em 30% o pessoal, cerca de 165 funcionários. Esses números, no entanto, não compõem o levantamento do Estadão.

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Para 2023, especialistas apontam que a tendência de austeridade vista em 2022 deve continuar. Além disso, sem capital necessário para continuar operando, os negócios insustentáveis devem quebrar ou fechar as portas, dizem.

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