Conhecido por fornecer dados da economia para o premiê do Reino Unido, buscador de empregos chega ao Brasil
O iPad do primeiro-ministro britânico David Cameron virou notícia no Reino Unido no ano passado. E se depender dos esforços dos fundadores da startup londrina Adzuna, em breve, o mesmo vai acontecer com o tablet da presidente Dilma Rousseff.
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Espécie de Google para busca de empregos, a Adzuna acaba de lançar uma versão brasileira. A startup se tornou conhecida na Europa por fornecer dados sobre o mercado de trabalho para o “Number 10 Dashboard”, um aplicativo criado pelo gabinete de governo de Cameron para que ele acompanhe em tempo real informações sobre a economia do Reino Unido. Desde então, o governante e seu tablet são inseparáveis – e o sistema ganhou fama nas páginas dos jornais de Londres.
“Planejamos entrar em contato com o PT e oferecer o desenvolvimento do aplicativo de graça para eles”, diz Doug Monro, um dos fundadores da Adzuna. “Ouvimos falar que o Cameron quer se exibir com o aplicativo no próximo encontro do G20. Então, sem dúvida, a presidente Dilma vai olhar e querer um.”
Monro, de 38 anos, é um ex-executivo do eBay que fundou a startup em 2011 junto do colega Andrew Hunter, de 31 anos.
No Reino Unido, a empresa tem de 1,5 milhão de visitas por mês e também faz buscas por anúncios de carros e imóveis. A ferramenta é simples: o usuário preenche a vaga de interesse e a cidade onde quer trabalhar. O sistema faz uma varredura pela internet e reúne todos os resultados em uma única página.
O negócio recebeu cerca de R$ 2,5 milhões em investimento dos fundos Index Ventures, Passion Capital e Accelerator Group. Sem revelar valores exatos, os sócios dizem que a receita da Adzuna cresceu 200% desde o ano passado.
Com dinheiro nas mãos e o primeiro-ministro como garoto-propaganda, a startup decidiu iniciar a sua expansão internacional por cinco países: Brasil, Austrália, África do Sul, Canadá e Alemanha. “Os brasileiros em busca de emprego estavam pedindo um serviço melhor. Fizemos muitas pesquisas e vimos no Brasil uma grande oportunidade”, diz Monro. A startup diz ter mais de 70 mil vagas na versão brasileira do seu site.
O modelo de negócio prevê a obtenção de receita a partir do tráfego enviado para outros sites de empregos e pela venda de anúncios premium. Os sócios não revelam o investimento no País, mas dizem estar fazendo um pesado investimento na área de marketing. “Vamos trazer tráfego para o site inicialmente com SEO, mídia social, parcerias e relações públicas – esta última nos ajudando a divulgar dados do mercado de trabalho brasileiro”, diz Monro.
Início. A ideia de criar a Adzuna veio da constatação de que omercado de classificados de emprego na internet é muito fragmentado e complicado de se navegar. Após trabalharem em algumas empresas de classificados online, os sócios da empresa decidiram criar um sistema no qual os usuários pudessem pesquisar todos os anúncios em um único lugar.
Acostumados a liderar equipes das áreas de finanças e marketing, Monro e Hunter tiveram como desafio principal reunir um time de engenheiros para tirar a Adzuna do papel. “Demorou para encontrar a pessoa certa para se tornar o ‘fundador tecnológico’, quase a ponto de ter que desistir dessa pessoa ideal e contratar funcionários e freelancers bem mais caros”, conta Monro.
A solução apareceu quando George Karpodinis, também ex-funcionário do eBay, aceitou o desafio de se juntar à startup. George construiu a primeira versão do site e ainda contratou a equipe que trabalha com ele atualmente em Atenas, na Grécia.
Um dos principais concorrentes mundiais da empresa é o buscador de empregos Indeed.com. Criado em 2004, ele está presente em mais de 50 países e tem 100 milhões de visitantes únicos por mês. A Trovit, que também cobre anúncios de carros e imóveis, tem outra grande fatia do mercado e presença em 28 países.
Para se diferenciar, a Adzuna aposta em uma ferramenta social integrada ao Facebook e LinkedIn por meio da qual os usuários podem localizar conexões nas empresas de seu interesse e tentar sair na frente de outros candidatos.
A meta no Brasil é alcançar em 18 meses o mesmo número de visitantes por mês do Reino Unido. E, se possível, com uma ajudinha da presidente.
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