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A recuperação da indústria

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Por Redação
Atualização:

Consolidou-se, em outubro, o otimismo dos industriais com a retomada do crescimento e a disposição de investir, revelou o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), da Confederação Nacional da Indústria. O Icei, obtido a partir de uma pesquisa nacional, foi ainda mais favorável do que o Indicador do Nível de Atividade (INA), da Fiesp, também comemorado pelos empresários. O Icei alcançou 65,9 pontos, 7,7 pontos acima de julho de 2009 e 13,4 pontos porcentuais acima do registrado em outubro de 2008, mostrando que os principais efeitos da crise foram superados no setor que mais sofreu com ela. Dividido em dois itens - expectativas e condições atuais -, o Icei mostrou que, nos últimos seis meses, a economia brasileira como um todo se comportou melhor que a indústria. Mas, nos próximos seis meses, as indústrias esperam crescer mais rapidamente do que o resto da economia. Isso se deve ao patamar baixo em que se encontra o setor. "Com a produção ainda inferior à do ano passado, o empresário tende a apostar numa alta mais rápida", afirmou o gerente da pesquisa, Renato Fonseca.Entre os setores mais otimistas está o de limpeza e perfumaria, mostrando que a recuperação é mais forte nos itens destinados às famílias de menor renda, que agora dispõem de mais recursos. Seguiram-se os fabricantes de equipamentos de transporte (principalmente motocicletas, favorecidas pelo crédito farto) e produtos farmacêuticos.As exceções são poucas, caso do setor de álcool, cujo pessimismo é explicado pela frustração da safra de cana-de-açúcar e o aumento do custo da matéria-prima; de madeira, influenciado pelo baixo ritmo de entrega de habitações; e de couros, que depende muito do mercado externo. As companhias exportadoras sofreram com a valorização do real e a retração dos importadores. "O setor exportador ainda tem problemas, mas se pode dizer que, em termos de demanda, o mercado doméstico já está recuperado", disse Fonseca.Numa mostra de 1.418 indústrias consultadas, as 198 de grande porte revelaram mais otimismo - o Icei delas atingiu 68,1 pontos, alta de 8,7 pontos porcentuais em relação a julho e de 16,6 pontos em relação a outubro de 2008. É uma reação previsível, mas nem por isso desimportante - as grandes companhias foram as primeiras a registrar a crise, como se notou há um ano, mas também as primeiras a superá-la. Nas empresas de porte médio, o crescimento do Icei foi de 7,4 pontos porcentuais e nas pequenas empresas, de 6,9 pontos em relação a julho.Os dados do INA, da Fiesp, que tratam da produção física do Estado de São Paulo, mostrou crescimento com ajuste sazonal de 4,3% em relação a agosto e foi o melhor desde abril de 2008. "Finalmente, tivemos um número incontestavelmente positivo e forte, que sinaliza uma tendência de continuidade da atividade industrial até o fim do ano", afirmou o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. Deverá evoluir para melhor, portanto, a situação atual, em que a recuperação paulista é mais lenta do que a de regiões mais pobres, como o Nordeste, beneficiadas por programas como o Bolsa-Família.Entre agosto e setembro, o INA sem ajuste sazonal cresceu 2,7%, mas é 6% menor que o de setembro de 2008. A mudança maior ocorreu em setembro: foi recuperada cerca da metade da perda verificada no auge da crise. Indicadores do mês anterior, ora revisados, indicavam uma reação mais lenta. Entre julho e agosto, as vendas reais cresceram 1,8%, abaixo das primeiras estimativas (2,1%) e os salários reais diminuíram 3,5%, contra a estimativa inicial de 3,2%.Já entre agosto e setembro, todos os dados (horas pagas, horas trabalhadas, salários nominais e reais, vendas nominais e reais) acusaram crescimento. Só o índice de utilização da capacidade instalada foi inferior, em 1 ponto porcentual, ao de setembro de 2008. Até os investimentos começam a ser retomados lentamente - embora ainda mostrem queda de 24,3% no acumulado de 12 meses.O mercado interno está sustentando a recuperação industrial, que, agora, chega a São Paulo.

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