Acusado de matar João Roberto diz que confundiu carros

PUBLICIDADE

Por Clarissa Thomé
Atualização:

O policial militar William de Paula, acusado pela morte do menino João Roberto Amorim Soares, de 3 anos, em julho passado, reconheceu hoje que confundiu o carro da mãe da criança, Alessandra Amorim, com o veículo em que estavam três criminosos que perseguia, durante julgamento no 2º Tribunal do Júri da Capital, presidido pelo juiz Paulo Baldez. João Roberto foi atingido por um tiro na cabeça. Apesar de reconhecer ter confundido os veículos, o PM disse acreditar que o tiro que matou João Roberto tenha partido dos criminosos. Ele contou que na noite em que abordou o carro de Alessandra na Tijuca, zona norte da cidade, havia pouca iluminação. Ao se aproximar do veículo, fez três disparos - um de um de advertência, outro que atingiu um carro parado na rua, e um terceiro, que furou o pneu do carro da vítima. "Infelizmente, eu passei a acreditar que era o carro dos meliantes", disse ao juiz. De Paula disse que não percebeu que a bolsa que Alessandra havia jogado para fora do carro, a fim de alertar os policiais de que havia crianças no veículo, era uma sacola de bebê. Ele lamentou o ocorrido e disse que ficou traumatizado. Ao juiz, disse que a cena foi tão chocante que não teve condições de retirar João Roberto do carro. O policial, que está há 11 anos na corporação, contou que não passa por curso de reciclagem há três anos. Ele também nunca cursou técnicas de abordagem. Disse apenas que recebeu instruções sobre como abordar carro e perseguir automóvel em fuga. "Infelizmente, naquele momento ali era o meio que eu pude usar", comentou. O julgamento está previsto para acabar às 22 horas de hoje. O outro policial acusado, Elias Gonçalves da Costa Neto, entrou com recurso contra a sentença de pronúncia e teve o processo desmembrado. Seu julgamento ainda não foi marcado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.