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Após disparar com aversão ao risco, dólar fecha em queda e abaixo de R$2,40

Por BRUNO FEDEROWSKI
Atualização:

O dólar fechou em leve queda nesta sexta-feira, após bater 2,43 reais na máxima do dia por conta de um movimento generalizado de venda de ativos de países emergentes, em meio à crise na Argentina e Turquia e da perspectiva de redução adicional dos estímulos monetários nos Estados Unidos. Mas a moeda norte-americana perdeu força ao longo do dia, com investidores reavaliando os riscos de contágio da crise argentina e os fundamentos da economia brasileira. O dólar fechou em queda de 0,19 por cento, a 2,3980 reais na venda. Na máxima do dia, chegou a subir cerca de 1,3 por cento, a 2,4335 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,8 bilhão de dólares. "O dólar havia subido demais. Agora está voltando, com o pessoal reavaliando um pouco os fundamentos", afirmou o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold. Na véspera, a divisa norte-americana fechou com alta superior a 1 por cento, voltando à casa de 2,40 reais, após a Pimco --maior gestora de bônus do mundo-- fazer duras críticas à política econômica do Brasil. Foi o maior nível de fechamento da moeda norte-americana desde 22 de agosto, quando o dólar era negociado na casa dos 2,43 reais, levando o BC a anunciar o programa de intervenções diárias . Os mercados cambiais nos países emergentes começaram o dia com forte aversão ao risco, levando o dólar a subir fortemente ante as moedas locais. A preocupação tinha origem, entre outros motivos, nas incertezas diante do processo de retirada do estímulo econômico dos Estados Unidos, que deve reduzir ainda mais a oferta de liquidez global. O cenário de ansiedade foi corroborado pelo mau desempenho das contas externas do Brasil. O déficit em transações correntes do Brasil em 2013 foi recorde e não foi financiado pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) pela primeira vez desde 2001. No entanto, no final da manhã, o avanço do dólar ante algumas moedas emergentes perdeu força e passou a se concentrar nos mercados considerados mais vulneráveis, como Turquia e Argentina. "Argentina, Turquia e África do Sul estão sob tremenda pressão, que ainda não perdeu força", escreveram os analistas do Scotiabank, em relatório, Camilla Sutton e Eric Theoret. "Fora dos (países) mais vulneráveis, há sinais limitados de pânico". Na véspera, o peso argentino fechou em queda de 11 por cento ante o dólar, maior declínio diário desde a crise financeira de 2002 e, nesta sexta-feira, o governo anunciou que afrouxará os controles cambiais. Segundo analistas, existe a possibilidade de que os problemas cambiais na Argentina gerem algum impacto no Brasil, mas não devem ser o fator principal por trás dos próximos movimentos do real. "Como a gente sabe, Brasil exporta muito para a Argentina, a Argentina exporta muito para o Brasil, então esse tipo de contágio pode acontecer", disse o economista do BBVA Enestor dos Santos. SEM MAIS BC Em função da forte alta do dólar ante o real na primeira parte da sessão, analistas chegaram a considerar que o BC poderia intensificar a atuação nos mercados para evitar maior valorização da divisa norte-americana. Contudo, essa hipótese perdeu força à medida que movimento se esvaiu e o dólar voltou a patamares mais confortáveis. "Agora que voltou abaixo de 2,40 reais, é praticamente dado que o BC não vai precisar fazer intervenções a mais", afirmou o operador de uma corretora internacional. Nas últimas semanas, o dólar ficou praticamente "preso" a uma banda informal, entre 2,35 e 2,40 reais, tida por especialistas como favorável às exportações brasileiras e não prejudicial à inflação. Nesta sessão, o BC deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de 4 mil swaps tradicionais --equivalentes a venda futura de dólares-- com vencimento em 1º de setembro. A autoridade monetária também ofertou swaps com vencimento em 2 de maio, mas não vendeu nenhum. O BC também fez nesta sessão a sétima etapa de rolagem dos swaps que vencem em 3 de fevereiro, vendendo a oferta total de 25 mil contratos. Com isso, já rolou pouco menos de 80 por cento do lote total, equivalente a 11,028 bilhões de dólares. Para segunda-feira, a autoridade monetária anunciou leilões tradicional e para rolagem. Na oferta diária, voltará a oferecer 4 mil contratos com vencimentos em 1º de setembro e 1º de dezembro. A rolagem ocorrerá nas mesmas condições já ofertadas. (Reportagem adicional de Silvio Cascione, em Brasília; Edição de Patrícia Duarte e Raquel Stenzel)

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