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Bombardeio deixou marcas até em cemitério

Por Gustavo Chacra
Atualização:

Os jornalistas estrangeiros foram impedidos de entrar em Gaza durante as mais de três semanas de conflito. Israel e o Egito haviam fechado as suas fronteiras. Apenas podíamos nos aproximar a alguns quilômetros da divisa. O teatro de operações, porém, estava no território palestino, onde apenas jornalistas árabes baseados lá dentro conseguiam observar o andamento da guerra. O restante era obrigado a buscar informações por telefone, ir até a fronteira, conversar com palestinos na Cisjordânia ou se restringir à cobertura dos estragos no lado israelense. Esta limitação da cobertura, imposta por Israel e pelo Egito, impediu que os jornalistas estrangeiros pudessem verificar as informações divulgadas pelos repórteres e organizações humanitárias dentro da Faixa de Gaza. Apenas alguns dias depois do cessar-fogo, recebemos autorização do Exército israelense para entrar em Gaza. Cada um dos repórteres ficou com sua imagem. Uma delas, certamente, era a de galinhas mortas que emanavam um cheiro de apodrecimento. Os corpos, em sua maioria, haviam sido retirados por organizações humanitárias, apesar de alguns ainda estarem sob escombros. Impressionava a quantidade de crianças. Algumas adolescentes choravam diante da destruída Escola Americana, onde estudava a elite local. Bombas deixaram suas marcas em mesquitas, prédios e até mesmo em um cemitério. No lado israelense, a destruição não era tão visível. Algumas residências estavam danificadas em Sderot e Ashkelon. Alguns foguetes chegaram a provocar buracos nas ruas. A maior destruição, ironicamente, ocorreu no norte de Israel, por um míssil lançado por alguma organização baseada no sul do Líbano, que destruiu um asilo em Nahariyiah. Com armas mais precárias, o Hamas foi incapaz de causar grandes estragos, diferentemente do Hezbollah, em 2006. Além disso, os israelenses, sempre depois de ataques de foguetes, fazem o possível para eliminar qualquer vestígio do ataque com objetivo de levar a vida de volta ao normal. Gustavo Chacra cobriu a guerra em Gaza para o "Estado"

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