Brics pedem fim de combates na Líbia

Países ressaltaram preocupação com turbulência e condenaram bombardeios

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Por Reuters
Atualização:

SANYA - O Brasil e as quatro potências emergentes que compõem os Brics expressaram nesta quinta-feira, 14, sua apreensão com os ataques aéreos comandados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Líbia e pediram o fim da luta que, ao lado das turbulências em outras regiões do mundo árabe, aumentou a insegurança global.

 

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A campanha aérea chancelada pela Organização das Nações Unidas (ONU) contra as forças do líder líbio Muammar Kadafi foi um dos assuntos na mesa quando os líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) se reuniram no sul da China para uma cúpula de um dia. Embora verbalizando sua preocupação com a Líbia, a intensidade dos comentários públicos dos líderes variou, indicando que não saíram da reunião com uma postura unificada. "Estamos profundamente preocupados com a turbulência no Oriente Médio, no norte da África e em regiões do oeste africano", disseram os líderes em um comunicado conjunto divulgado após a cúpula no balneário de Sanya. "Compartilhamos o princípio de que a força deve ser evitada", acrescentaram, exortando a uma resolução pacífica para o conflito líbio e elogiando os esforços de mediação da União Africana. "Temos a visão de que todas as partes deveriam resolver suas diferenças por meios pacíficos e diálogo", declararam. "Todos condenaram os bombardeios", disse uma fonte de governo que participou da reunião dos líderes dos Brics. Mas os comentários púbicos dos líderes após a cúpula indicaram diferenças na maneira de lidar com o conflito, que aumentou a possibilidade de uma Líbia dividida pela guerra, e intensificou os aumentos recentes nos preços do petróleo. Aviões de guerra ocidentais começaram a atingir forças do governo líbio no mês passado, mas Kadafi se recusa a ceder aos apelos de grupos rebeldes e de outros governos para que renuncie. Suas forças continuam engajadas em combates com os rebeldes.

 

Ataques aéreos China, Rússia, Índia e Brasil se abstiveram de uma votação em 17 de março no Conselho de Segurança da ONU que autorizou os ataques aéreos. A China e a Rússia poderiam ter usado seu poder de veto como membros permanentes do conselho para barrar a autorização. A África do Sul, por sua vez, votou a favor das incursões, mas durante uma visita a Trípoli no domingo, 10, o presidente sul-africano Jacob Zuma pediu o fim dos ataques da Otan. O presidente russo Dmitry Medvedev insinuou que os governos ocidentais que apoiam a campanha aérea líbia extrapolaram o mandato das Nações Unidas. "Concordamos em... fechar a zona aérea (sobre a Líbia) e evitar as bases de uma intensificação do conflito... o que tivemos como resultado? Uma operação militar", disse ele aos repórteres que viajam com sua comitiva. "Mas a resolução não diz nada sobre isso", acrescentou.

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