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Cadeirantes aprovam arquibancada, mas criticam avenida

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Por AMANDA VALERI E ANA LUÍSA WESTHPHALEN

Os cadeirantes que vão ao Sambódromo do Anhembi para o carnaval de São Paulo vivem duas situações distintas. Com lugares reservados, acessos adequados e facilitados, as pessoas portadoras de dificuldades de locomoção que chegam para assistir aos desfiles das escolas de samba paulistas avaliam positivamente toda a estrutura fornecida no local. "O carro do Atende (Serviço de Atendimento Especial da Prefeitura de São Paulo) nos encontra no Terminal Rodoviário do Tietê e nos traz direto para cá", conta o estudante Eduardo George, 21 anos, que há sete assiste aos desfiles na área especial para cadeirantes do Anhembi. Já nas avenida os portadores de dificuldades de locomoção encontram uma série de obstáculos. Eles reclamam da falta de estrutura na concentração das escolas. Segundo a Prefeitura, os cadeirantes têm cerca de 100 lugares reservados por noite, com acessos especiais, como rampas e portões mais largos. Os setores especiais para essa turma que não quer ficar de fora da alegria e da folia do carnaval de São Paulo são os B, D e G, local no mesmo nível da avenida. "Por enquanto, não tivemos nenhum problema nem dificuldade", diz George. Para os cadeirantes terem acesso ao Sambódromo é preciso ser feito um pré-cadastro, com a geração de uma carteirinha com todos os dados da pessoa. Isso é feito com antecedência no próprio Anhembi. O portador deve levar RG, comprovante de residência, foto 3x4 e um documento médico que comprove a deficiência. "O único problema que tive foi no momento de pedir informações via telefone, pois ninguém nunca sabe de nada", diz a estudante Emanuelle Gonçalves, 25 anos, que assiste às apresentações no Anhembi desde 2006. Segundo eles, cada ano a Prefeitura faz uma "surpresa" para os portadores de dificuldades. "Este ano nós tivemos o benefício da meia-entrada", conta Eduardo, que esperava ansiosamente o início dos desfiles. Segundo os sócios da Associação Roda Viva, entidade que promove a integração de deficientes físicos em eventos culturais, os portadores de deficiências alegam que sempre passam por dificuldades na área da concentração. De acordo com a coordenadora da associação, Fernanda da Cruz Ferreira, os 50 cadeirantes e outros 50 acompanhantes que sairão este ano na Leandro de Itaquera precisaram chegar muito antes do início dos desfiles para que pudessem se preparar. "Aqui não tem banheiro para deficiente e mal cabe um acompanhante para ajudar", queixa-se. Segundo ela, não há também um espaço reservado. "Tem lugar especial para porta-bandeira, pra madrinha de bateria, mas para o cadeirante não tem." Na área de concentração, pouco antes do desfile começar, um grupo de cerca de dez cadeirantes era descolado diversas vezes para desviar da rota dos carros alegóricos que preparavam-se para entrar na avenida. Jorge Inácio, de 47 anos, mostrou-se empolgado para entrar pela vigésima vez na avenida: "Estou muito feliz, adoro fazer parte disso, mas a gente passa por alguns apertos", reconhece. Porém, sobre os transportes, a avaliação é mais positiva. "Fazemos uma reunião antes com o Atende um mês antes do desfile. Eles pegam os associados do Roda Viva em casa, e depois deixam de volta. Não temos reclamações", diz Fernanda. "Eles atendem a gente muito bem não só agora no carnaval, mas quando precisamos deles nos outros dias para levar para fisioterapia, por exemplo", destaca Jorge.

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