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Casal diz ter visto violência em escola de SP

Por Camilla Haddad
Atualização:

Mais dois ex-funcionários da Escola Berçário Trenzinho Feliz, na Vila Clementino, zona sul de São Paulo, serão ouvidos pela polícia na próxima segunda-feira (10). O casal trabalhou no local em anos anteriores e diz ter presenciado cenas de violência. Nos últimos dois dias, 26 mães prestaram queixa por agressões supostamente praticadas pela proprietária. O caso veio à tona após uma denúncia feita por um grupo de professoras que pediu demissão - uma delas filmou um dos episódios.Diretora e dona da unidade de ensino, Conceição Tomaz Cruz, de 52 anos, foi indiciada na tarde de quinta-feira (06) por maus-tratos. Segundo a polícia, Conceição foi flagrada no vídeo dando um tapa no rosto de um dos alunos, de 2 anos. Ela responde em liberdade.A delegada Lisandrea Zonzini Salvariego Colabuono, titular da 2.ª Delegacia de Defesa da Mulher, diz que o depoimento do casal pode ser fundamental para o andamento do inquérito. "O intuito é provar que o comportamento dela era reiterado. Ela sentia prazer em agredir as crianças. Não fez uma só uma vez. Queremos provar a tortura", esclarece. Segundo Lisandrea, os ex-funcionários procuraram a delegacia depois que viram reportagens sobre o caso.A Secretaria Municipal de Educação diz que a Diretoria Regional de Educação do Ipiranga determinou o descredenciamento da Trenzinho Feliz. Uma portaria será publicada nos próximos dias. Para concluir o fechamento da escola, a Diretoria Regional comunicará o Ministério Público, o Conselho Tutelar da região e a subprefeitura.Uma professora de 35 anos, que trabalhou na escola recentemente, diz que presenciou cenas que a deixaram "desnorteada". "Crianças vomitavam de tanto comer." A professora, que não quer ser identificada, lembra que os maus-tratos eram constantes na hora das refeições. "Criança de 2 anos tem resistência a comer, é normal. Mas o estresse dela (Conceição) era em relação a isso. O choro também a deixava nervosa."A professora observa que Conceição ficava desequilibrada no horário do almoço. "Ela descia da sala dela para alimentar as crianças. Coisas que as auxiliares que fazem. Era estranho."Alma lavadaA economista Marli Oliveira mora na Chácara Klabin, bairro próximo à escola, que fica na Rua Jureia. "Estou de alma lavada. Como não consegui provar nada na época em que meu filho estudou lá, eu vim hoje (sexta-feira, 07) falar para a polícia que meu filho também foi agredido", desabafa.Hoje, o filho de Marli tem 18 anos. Quando tinha 3 anos, segundo ela, o menino chorava muito ao sair da escola. "Um dia eu descobri com outros alunos que ele ficava de castigo na parede, com os braços para cima", lembra. Como solução, a economista preferiu contratar uma babá para a criança.Segundo a delegada Lisandrea, outras questões preocupam as mães. "O lugar era sujo, as crianças eram picadas por insetos", diz. "E a escola existe há 30 anos e já atendeu mais de 3 mil crianças", completa. Pais contam que a mensalidade chegava a custar R$ 800. "Em reuniões tinha até goteira. Reclamei, mas nada foi feito", conta uma mãe, sem dizer o nome. Há dois dias o jornal O Estado de S. Paulo tenta contato com os advogados de Conceição, sem sucesso. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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