Cientistas declaram 'extinto' o golfinho chinês de água doce

Atividade humana é a causa do desaparecimento do animal, cuja existência começou há 20 milhões de anos

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Por Efe
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Depois de mais de 20 milhões de existência, o golfinho chinês de água doce, uma espécie conhecida como "baiji", foi declarada oficialmente extinta nesta quarta-feira, 8. A causa de seu desaparecimento é a atividade humana, afirmaram cientistas da Sociedade Zoológica de Londres (ZSL).   Segundo os membros da organização, este golfinho é o primeiro cetáceo a desaparecer da Terra como resultado direto da influência do homem, devido à pesca desregulada.   Os especialistas, que publicaram o estudo nesta quarta na Royal Society Biology Letters, asseguram que não conseguiram localizar nenhum golfinho no rio Yang-tsé - seu habitat natural - durante uma intensa pesquisa que durou seis semanas.   Na década de 50, a população deste golfinho - espécie única do Yang-tsé - era de milhares, mas diminuiu com os anos, enquanto a China se modernizava e começava a utilizar o rio para a pesca, o transporte e a geração de eletricidade, acrescentam os cientistas.   Um dos autores do estudo e integrante do ZSL, Sam Turvey, classificou a extinção de "trágica". "O golfinho do rio Yang-tsé era um mamífero incrível que se separou de outras espécies há mais de 20 milhões de anos", disse.   "A extinção representa o desaparecimento de um galho completo da árvore da evolução da vida, e é preciso ressaltar que temos que assumir a responsabilidade sobre nossa tarefa como guardiães do planeta", acrescentou.   Evolução   A espécie, conhecida cientificamente como Lipotes vexillifer, era a única da família Lipotidae, que aparentemente se separou de outros mamíferos marítimos, como baleias, golfinhos e botos, entre 20 e 40 milhões de anos atrás.   Os "baijis" têm um bico longo e estreito e vivem em grupos de três ou quatro.   A equipe realizou um estudo visual e acústico durante seis semanas no final de 2006.   Apesar de existir a chance de algum golfinho não ter sido encontrado durante a pesquisa, "a impossibilidade de detectar um 'baiji' durante a pesquisa indica que as possibilidades de encontrá-los e levá-los (a uma reserva) praticamente desapareceram", ressaltam os especialistas.   No entanto, o Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF, na sigla em inglês) considera que a análise não é definitiva.   "O WWF não acredita que o golfinho 'baiji' possa ser declarado extinto ou 'extinto de fato' porque a pesquisa foi realizada em um curto período de tempo em uma área limitada do rio", afirmou um porta-voz da organização.

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