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Cosplay, o reino da fantasia

A mania japonesa, de brincar de personagens de games, que se espalhou pelo mundo

Por Jones Rossi
Atualização:

Uma redução de ‘costume play’, algo como brincar de fantasia, em inglês. Há dez anos, uns poucos iniciados em cultura japonesa sabiam o significado de cosplay. A idéia de se fantasiar para ficar igual a um personagem de mangá (quadrinhos) e animê (desenho animado) parecia puro exotismo.   Veja também:  Galeria de fotos    Hoje, porém, segundo estimativas informais, feitas pela internet e em eventos do gênero, os cosplayers (como são chamadas as pessoas que fazem cosplay)já são mais numerosos no Brasil que os jogadores profissionais de futebol. São 16 mil contra 14 mil.   Há tempos a mania japonesa se espalhou pelo mundo, principalmente por países como Estados Unidos, França, Itália e Alemanha. Mas por aqui o fenômeno é recente. Começou sem barulho, em 1997, durante um encontro da Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações (Abrademi). "Foram 300 pessoas, 25 cosplayers", conta Petra Leão, de 27 anos, testemunha do evento e uma das primeiras pessoas a usar uma dessas fantasias no País.   "Os primeiros modelos eram supersimples. A gente fez em uma costureira de bairro", diz Petra. A primeira fantasia dela, por exemplo, custou R$ 80. Atualmente, os cosplays são elaborados. Envolvem a confecção de trajes com vários tecidos, perucas, lentes de contato e acessórios importados. Alguns chegam a custar R$ 350. Mas tem gente que já investiu R$ 3 mil numa fantasia, conta o estudante de engenharia Fernando Siqueira, também de 27 anos, criador do fórum Cosplay Brasil. "A média fica entre R$ 100 e R$ 200."   O Cosplay Brasil tem 4 mil membros cadastrados, prova do crescimento da mania no Brasil. Eventos que começaram de forma modesta hoje são megaencontros de cosplayers, como o Anime Friends. Realizado em julho, em São Paulo, recebeu público de 86 mil pessoas - 2 mil cosplayers. No Animecon de 2006, até a apresentadora Sabrina Sato fez cosplay, como uma personagem do jogo King of Fighters.   A febre é tanta que já existem lojas especializadas em criar e vender esses trajes - algo que a "ética" do grupo condena. "Sou contra", diz Siqueira, autor de 20 roupas. Léa Dias, que aparece na foto ao lado, fez a sua fantasia. "Comprar vai contra o espírito da coisa." Com a massificação, o cosplay aos poucos está passando por mudanças. Enquanto nos primeiros anos os interessados preferiam personagens genuinamente japoneses, hoje há quem se inspire no cinema americano, em filmes como Piratas do Caribe.   Mas os japoneses continuam no topo. A moda este ano é copiar Naruto, um aprendiz de ninja - o desenho e o mangá do personagem fazem estrondoso sucesso no Brasil (veja quadro abaixo) -, e Bleach, outro animê japonês. "A moda no ano que vem deve ser Death Note", diz Siqueira, apostando no sombrio desenho que faz sucesso no Japão. Atuação   Além da fantasia, fazer cosplay significa atuar. Nos encontros, há concursos que elegem as melhores roupas e também as interpretações mais fiéis. "Cosplay é ver como o personagem ficaria de verdade", teoriza Petra.   O cosplayer Jeffrey Haiduk fala de "identificação com o personagem", quando menciona Terry Bogard, do jogo King of Fighters. Dono de mais de 20 cosplays, ele mantém um fotolog com as imagens. Como outros cosplayers, Haiduk é apaixonado por mangá. "O que me atraiu no mangá é a estrutura madura, mais trabalhada. Batman está há 50 anos derrotando os mesmos vilões e não tem previsão de acabar. O mangá tem começo, meio e fim."   Aos 30 anos, não pensa em abandonar as fantasias. "O cosplay é a evolução da brincadeira de faz-de-conta."

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