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Denúncia contra Sarney une crise do Senado à CPI da Petrobras

Por NATUZA NERY
Atualização:

Novas denúncias publicadas nesta quinta-feira de que a Fundação José Sarney desviou recursos repassados pela Petrobras jogou a crise do Senado no escopo da CPI criada para investigar a estatal. O governo, contrário à Comissão Parlamentar de Inquérito, está se vendo obrigado a resolver os impasses políticos e eventualmente colocar a CPI para funcionar. "É um fato relevante e não há como ignorá-lo. Embora não esteja entre os fatos que motivaram a CPI, tudo que se refere à Petrobras nós vamos investigar", afirmou à Reuters o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Em reportagem publicada nesta quinta, o jornal O Estado de S.Paulo diz que a Fundação José Sarney desviou para empresas fictícias e outras de propriedade do presidente do Senado pelo menos 500 mil reais de uma verba total de 1,3 milhão de reais repassada pela Petrobras sem concorrência pública. Os recursos teriam o objetivo de cuidar do acervo da fundação, criada para preservar a memória da gestão presidencial de Sarney. Entre outros serviços, estava prevista a digitalização de documentos, mas aparentemente o projeto nunca saiu do papel. A assessoria de imprensa da Petrobras informou que a companhia está avaliando o teor da notícia envolvendo a Fundação Sarney e que poderá, posteriormente, se pronunciar sobre o assunto. A assessoria do presidente do Senado informou "que Sarney é o presidente de honra da Fundação e não participa de absolutamente nada da administração do instituto". Segundo a assessoria, Sarney determinou a "apuração rigorosa" das denúncias. A base aliada está reunida no Senado na manhã desta quinta-feira para discutir a CPI. Depois de utilizar diversas manobras para adiar o início da investigação, alguns parlamentares governistas já consideram que agora ficará mais difícil evitá-la. PSDB e Democratas prometeram recorrer ao Supremo nesta tarde se o governo se recusar a instalar a CPI. Os patrocínios culturais feitos pela Petrobras já se constituíam em um dos principais interesses da oposição na eventual investigação sobre a estatal, alvo que foi reforçado com a recente denúncia. As acusações veiculadas pelo jornal uniram a crise do Senado, que veio à tona com o escândalo dos chamados atos secretos, com a disputa política pela instalação da CPI para investigar contratos da Petrobras. Sobre a situação de Sarney à frente da presidência do Senado, diversos parlamentares argumentaram que ela piora por conta da nova denúncia, apesar de a reportagem não poder ser considerada a gota que faltava. "Não há mais golpe mortal no Senado, porque o Palácio do Planalto vai continuar a resolver (o problema de Sarney para mantê-lo no cargo)", afirmou o senador pernambucano Sérgio Guerra, presidente do PSDB.

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