Deputados são detidos em evento anti-Islã na Bélgica

Prefeito de Bruxelas proibiu manifestação contra a ''islamização'' do continente.

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Por Marcia Bizzotto
Atualização:

Cerca de 50 pessoas, entre elas dois deputados do Parlamento Europeu, foram detidas nesta terça-feira diante das sedes de instituições da União Européia (UE) em Bruxelas, ao participar de uma manifestação não-autorizada contra o avanço do Islã na Europa. Desde a manhã um grande contingente policial montava guarda ao redor dos edifícios da Comissão Européia, do Conselho e do Parlamento Europeu para evitar que os cerca de 200 manifestantes saíssem em passeata pela cidade, como estava previsto. A "marcha contra a islamização da Europa" foi proibida pelo prefeito de Bruxelas, o socialista Freddy Thielemans, e pela Justiça belga, sob o argumento de que se trataria de uma manifestação xenófoba, que poderia causar "incidentes" com a população imigrante da cidade. Convocado há um mês por uma organização chamada Stop the Islamisation of Europe ("Parem a Islamização da Europa", em tradução livre) - que se define como "uma aliança de europeus com o único objetivo de evitar que o Islã se torne uma força política dominante na Europa" -, o evento aproveitou o sexto aniversário dos atentados de 11 de Setembro para pedir "o fim da invasão das práticas islâmicas" no continente. Para os organizadores da marcha, sua proibição foi "mais uma prova da deterioração de nossas liberdades". "Achava que estávamos em um país democrático, mas já não podemos utilizar nossa liberdade de expressão e nos sentir seguros", disse Anders Gravers, um dos líderes do evento. O Conselho da Europa, a maior organização de direitos humanos da UE, divulgou um comunicado criticando a manifestação. "Os organizadores do protesto dizem que os valores europeus estão sob ameaça. Sim, eles estão, mas o perigo não vem do Islã. Nossos valores comuns europeus estão sendo ameaçados por intolerantes e radicais, sejam islamistas ou islamofóbicos, que exploram medos e preconceitos a favor de seus próprios objetivos políticos", afirmou seu secretário-geral, Terry Davis. Menos enfático, o comissário europeu de Justiça, Liberdade e Segurança, Franco Frattini, defendeu que qualquer manifestação deve ser permitida, "desde que não incite o nazismo ou tenha intenções violentas". Um dos detidos pela polícia belga foi seu conterrâneo, o deputado do Parlamento europeu pela Itália Mario Borghezio, do partido União pela Europa das Nações. Também foram detidos o deputado europeu e presidente do partido flamengo de extrema-direita Vlaams Belang, Frank Vanhecke, e o líder desse partido no Parlamento de Flandes, Filip Dewinter. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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