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Doha pode ficar para 2011, prevê Lamy

EUA não demonstram interesse no avanço das negociações

Por Jamil Chade e GENEBRA
Atualização:

As negociações para a conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) estão frustrando todos os envolvidos. Ontem, o diretor-geral da entidade, Pascal Lamy, fez um alerta claro: a conclusão da rodada pode ficar para pelo menos 2011 se o ritmo de negociação não for acelerado. "Há uma frustração coletiva em relação a Doha", disse ao Estado o embaixador da França em Genebra, Phillip Gross. No fim de novembro, a OMC promove uma reunião ministerial. Mas já está claro que nenhum governo espera um avanço importante para o evento em termos de negociações. O Brasil, ainda assim, quer aproveitar o encontro para mobilizar os países emergentes em uma ação para deixar claro que não há como tolerar que a OMC permaneça nessa situação de indefinição. O principal obstáculo para o Brasil é a recusa dos Estados Unidos em revelar suas posições, mesmo dez meses após a posse de Barack Obama. A percepção é que a Casa Branca não tem hoje nenhum poder para conseguir fazer passar no Congresso um acordo comercial. Até agora, portanto, a Casa Branca apenas exigiu maiores concessões de países emergentes, sem dar nenhuma indicação do que estaria disposto a fazer para flexibilizar sua posição. "O mundo inteiro está pronto para negociar, menos os Estados Unidos", indica um negociador experiente.Mas o mal-estar vai além da crise nas negociações. Países como Colômbia, Uruguai, Argentina, Costa Rica, Paquistão, Noruega, Suíça e muitos outros acusaram ontem o processo de não ser transparente. Negociadores voaram de suas capitais para Genebra para descobrir que não estavam convidados para nenhuma reunião. Outros nem sequer sabiam onde os encontros estavam ocorrendo.SIGILOO alerta de Lamy foi feito em meio a uma verdadeira rebelião de países médios e pequenos diante da falta de transparência sobre o que está ocorrendo nos bastidores da entidade. A acusação é de que debates estão mantidos em sigilo entre Brasil, EUA, União Europeia, Índia e China para tentar fazer avançar Doha, sem consultar outros governos.

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