Dólar fecha 3º mês seguido de queda ante o real

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Por BRUNO FEDEROWSKI
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O dólar fechou esta quarta-feira com leve baixa ante o real e arrematou o terceiro mês consecutivo de quedas, mas especialistas acreditam que a divisa norte-americana não deve ampliar muito o movimento daqui para frente, diante da ação mais comedida do Banco Central num cenário de fluxo positivo. A moeda norte-americana teve leve baixa de 0,14 por cento, a 2,2300 reais na venda no dia e acumulou queda de 1,74 por cento em abril. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,6 bilhão de dólares. O dólar tem oscilado entre os patamares de 2,20 e 2,25 reais desde meados de abril. Alguns no mercado acreditam que o BC está satisfeito com este patamar, pois não é inflacionário e ao mesmo tempo não prejudica as exportações. "Há muito fluxo estrangeiro para cá e isso tende a continuar no curto prazo, mas o BC está tirando o pé do acelerador. A tendência é que o mercado continue nessa toada", afirmou o estrategista da Fator Corretora Paulo Gala. Pelo segundo mês consecutivo, o BC deixou vencer cerca de 25 por cento dos contratos de swaps. Os próximos papeis que vão vencer, no dia 2 de junho, equivalem a 9,653 bilhões de dólares, segundo dados do próprio BC. Analistas acreditam que a autoridade monetária deve continuar fazendo menos rolagens, aproveitando a janela aberta pelo quadro de fluxo cambial positivo dos últimos meses. Entre o início do ano e 25 de abril, o superávit era de 3,374 bilhões de dólares, ajudando a moeda norte-americana a acumular queda de 7,56 por cento nos últimos três meses. No ano, ela já perdeu 5,41 por cento. Segundo analistas consultados pela Reuters, esse contexto também permitirá que o BC estenda seu programa de intervenções diárias no câmbio além do segundo semestre com menor intensidade. Nesta sessão, o BC deu continuidade às intervenções diárias, vendendo a oferta total de até 4 mil swaps, com volume equivalente a 198,5 milhões de dólares. Foram 500 contratos para 1º de dezembro deste ano e 3,5 mil para 2 de março de 2015. PTAX E FLUXO Na primeira metade deste pregão, o dólar mostrou mais volatilidade, refletindo a disputa antes da formação da Ptax de abril, chegando a 2,2289 reais na mínima do dia e a 2,2445 reais na máxima. A Ptax é uma taxa calculada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais. Nos últimos pregões do mês, agentes do mercado costumam disputar para empurrar as cotações em direção mais favorável a suas posições. Após o fechamento da Ptax, a 2,2354 reais para compra e 2,2360 reais para venda, o dólar assentou-se no território positivo, mas acabou perdendo fôlego na última hora do pregão por entradas de recursos externos.. "Em função do feriado de amanhã, o mercado está buscando proteção", disse mais cedo o operador de câmbio da Intercam Glauber Romano. "O pessoal está operando com um pouco de aversão ao risco". O quadro de aversão ao risco também foi sustentado por dados mais fracos do que o esperado do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, que cresceu apenas 0,1 por cento no primeiro trimestre, ante expectativas de 1,2 por cento. Nesse contexto, o dólar recuou contra moedas consideradas mais seguras, como o euro e o iene. Mesmo assim, o Federal Reserve, banco central norte-americano, demonstrou confiança na economia e anunciou à tarde mais um corte de 10 bilhões de dólares em seu programa de compra mensal de títulos. A decisão era amplamente esperada e não gerou grandes oscilações no mercado. "Foi um não evento", resumiu o economista da Lerosa Investimentos Fernando Mendes.

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