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ESTREIA-Leonardo DiCaprio vive megaespeculador em 'O Lobo de Wall Street'

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Por Redação

Leonardo DiCaprio deita e rola no papel do especulador Jordan Belfort, seu personagem em "O Lobo de Wall Street", novo filme de Martin Scorsese, que recebeu cinco indicações ao Oscar - filme, direção, ator (DiCaprio), ator coadjuvante (Jonah Hill) e roteiro adaptado (Terence Winter). Poucos intérpretes, além do jovial quase quarentão DiCaprio, poderiam revelar tão naturalmente o lado sedutor de um personagem francamente amoral, com uma disposição assim aguerrida a avançar sobre o dinheiro dos outros para construir a própria fortuna e de seus associados. Poucos, além do ator, transmitiriam a ambiguidade de alguém como Belfort, que ao mesmo tempo encarna o ápice do "espírito animal" dos empreendedores e a face mais sombria do capitalismo em crise por conta de sua própria voracidade. Ao longo de três horas, DiCaprio vive em alta voltagem a trajetória de um modesto morador de Long Island, recém-formado, casado com uma cabeleireira, que apenas quer subir na vida. Sua primeira entrada em Wall Street, em 1987, é fugaz. Depois de uma crise financeira, ele volta ao subúrbio para descobrir uma insuspeita oportunidade de faturar em cima dos bagrinhos da economia. Um sucesso que, em breve, o levará ao auge da glória, bem no coração de Manhattan, fundando a empresa Stratton Oakmont, com centenas de empregados com a mesma fome de tubarão que o chefe. Um ator menos dotado do que DiCaprio tornaria Belfort apenas uma caricatura, um vilão de história em quadrinhos. Ele faz bem mais do que isso ao encarnar essa vertigem de poder de quem constrói uma fortuna a partir da especulação financeira e consome seus dias dispondo avidamente de tudo o que o dinheiro pode comprar, de carros, aviões, prostitutas a iates. A primeira esposa logo cede lugar a uma escultural ex-modelo, Naomi Lapaglia (Margot Robbie), mais conveniente à nova situação do superpoderoso especulador, o rei do mercado. Tanto sucesso, ainda mais à custa de fraudes contumazes e tantos perdedores do lado dos investidores iludidos pela lábia dos vendedores de ações da Stratton, não passa despercebido ao FBI, especialmente ao agente Patrick Denham (Kyle Chandler), um caçador de criminosos de colarinho branco. O confronto entre os dois se torna o desafio que Belfort se propõe a vencer. Ele arrisca, aposta, se lança, tudo em nome de derrotar todo obstáculo que se apresente à sua frente, tenha o nome que tiver. Como a trajetória de um cometa que, no entanto, por mais que brilhe, não tem real controle sobre a sua inevitável queda. Se o filme não endeusa seu protagonista - que acabou na cadeia - também não se propõe a uma cruzada moral para condená-lo. Cinicamente - ou realisticamente, talvez -, apresenta em detalhes sua inegável gana de se reinventar para sobreviver, sem negar sua vocação para encarnar o protótipo do vilão contemporâneo. Porque é para o benefício de tantos Jordan Belforts que se sacrifica a arraia miúda da economia. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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