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G20 concorda em necessidade de estimular economia

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Por TODD BENSON E KRISTA HUGHES

As principais economias do mundo, incluindo potências emergentes como a China, concordaram no sábado sobre a necessidade de adoção de medidas para estimular o crescimento e conter a ameaça de uma recessão global. Autoridades de bancos centrais e dos governos desenharam propostas para seus líderes levarem a uma cúpula emergencial sobre a crise financeira no próximo final de semana em Washington. O Brasil pressionou para que os grandes países emergentes tenham maior voz nos assuntos globais, uma iniciativa apoiada pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o sistema financeiro "ruiu como um castelo de cartas" devido à "fé cega" dos países ricos na auto-regulação dos mercados. Nos Estados Unidos, o presidente eleito Barack Obama disse que é hora de os norte-americanos colocarem de lado suas diferenças políticas para se concentrar na prevenção de uma recessão profunda, que ele planeja combater assim que assumir a Casa Branca em janeiro. No encontro anual do G20, o grupo dos maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento, em São Paulo, as autoridades dos bancos centrais e governamentais focaram nas ações que podem tomar para afastar o cenário de uma recessão global. "Acho que existe um consenso sobre a necessidade de ações coordenadas e decisivas globalmente", disse Wayne Swan, autoridade do Tesouro da Austrália, à Reuters. "É muito importante que os países que têm a capacidade de estimular suas economias façam isso." Swan e outras autoridades disseram que as discussões também abordaram a necessidade de um maior afrouxamento da política monetária em alguns países, mesmo depois de cortes agressivos de juros em todo o mundo nas últimas semanas. O presidente do banco central da China, Zhou Xiaochuan, afirmou que seu país, um dos poucos motores restantes da atividade global, ajudará a estabilizar os mercados mantendo sua expansão econômica, que deve ser de 8 a 9 por cento em 2009. MOMENTO PARA UM PACTO GLOBAL Alguns economistas previram que o crescimento chinês pode ficar abaixo de 8 por cento no ano que vem. "A China está em uma posição muito boa para uma forte expansão fiscal. Isso é algo sobre o qual as autoridades chinesas falaram", disse o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, a jornalistas. Na sexta-feira, o grupo Bric, formado por Brasil, Rússia, Índia e China, fez um pedido conjunto por reformas de instituições como o FMI e para mais influência dos países em desenvolvimento. Lula, crítico da dominação dos Estados Unidos e de países desenvolvidos nas decisões financeiras globais, disse que houve uma ampla aceitação de que o G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) não é mais capaz de trabalhar sozinho. "É hora de um pacto entre governos para a criação de uma nova arquitetura financeira mundial", disse Lula. O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, afirmou que as discussões deste sábado mostraram que o "G20 é o organismo certo para tentar administrar os problemas mundiais". O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, não compareceu à reunião em São Paulo, assim como muitos ministros das Finanças europeus. AGIR DESDE O PRIMEIRO MOMENTO Obama, falando a uma emissora de rádio norte-americana, disse que é vital que os norte-americanos coloquem de lado as divisões da recente campanha eleitoral "e isso é especialmente importante em um momento em que enfrentamos os desafios mais sérios de nossas vidas." Obama disse que não vai desperdiçar tempo no esforço de combater a crise. "Ao mesmo tempo em ques precisamos reconhecer que só temos somente um presidente por vez e que o presidente Bush é o líder de nosso governo, eu quero assegurar que nós vamos começar a trabalhar desde o primeiro momento a partir de 20 de janeiro, porque nós não temos tempo a perder", disse. Não está claro se Obama vai participar da cúpula de líderes do G20 em Washington no próximo fim de semana. (Reportagem adicional de Anna Willard, Louise Egan, Eadie Chen e Elzio Barreto em São Paulo e Jeremy Pelofsky em Washington)

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