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Golpe do seqüestro teve 20 mil vítimas no Rio em 2007

Por PEDRO DANTAS
Atualização:

O golpe do falso seqüestro por telefone corresponde a 90% dos crimes de estelionato no Rio. Em 2007, os estatísticos do Instituto de Segurança Pública (ISP) estimam que os criminosos fizeram cerca de 20 mil vítimas e o início deste ano ainda mostra uma tendência de crescimento. "Até 2002, eram registrados 9 mil casos de estelionato, em sua maioria casos de cheques sem fundos e falsificações de cartões de crédito. O ano de 2006 registrou o maior número de estelionatos dos últimos 15 anos, com 19 mil ocorrências, em sua maioria o golpe do falso seqüestro. Quando consolidarmos os números de 2007, haverá um acréscimo de 10%", afirmou o estatístico e policial João Batista de Oliveira, do ISP. Policiais que atendem as chamadas do 190 registram em média cinco denúncias por dia. Muitas delas não chegam até os distritos policiais. No último mês consolidado, outubro, o crescimento foi de 17,35% em relação a outubro de 2006. Apesar dos apelos das autoridades estaduais, vítimas de diversas classes sociais caem na farsa, que aposta na sensação de insegurança da população. Acostumada a lidar com crimes, a defensora pública Maria de Fátima Dourado, de 46 anos, atendeu o telefone, ouviu a voz de um homem anunciar o suposto seqüestro da filha e jurou ter escutado a voz da menina ao fundo. Tomada pelo pânico, gritou o nome da filha. Era o sinal aguardado pelos criminosos de que Maria de Fátima caíra no golpe. Ela perdeu R$ 10 mil e mais alguns reais em cartões telefônicos. "A mãe em desespero chama pela filha, o marginal descobre o nome e passa a chantagear. Ela foi tomada pelo pânico, ficou seis horas com o telefone no ouvido e depositou R$ 10 mil em diversas contas bancárias. Serviu de lição. Não se pode deixar levar pela emoção. Estou feliz porque não aconteceu nada com a minha mulher", afirmou o marido da Maria de Fátima, o também defensor público, Carlos Alberto Dourado. Delegado O delegado-titular da Delegacia Anti-Sequestro (DAS) da capital fluminense, Fernando Moraes, concorda com Dourado e alerta. "Não existem seqüestros reais deste tipo no Rio. No ano passado, os cinco casos reais foram resolvidos. Os criminosos apostam que a vítima vai perder a razão. Se o seqüestrador ligar a cobrar, pedir para manter o telefone ligado e exigir o recebimento imediato, são fortes indícios de que se trata de um golpe", disse. Moraes ainda advertiu que, em alguns casos, quem foi pagar o resgate sofreu seqüestro de verdade. "A pessoa nunca deve falar o nome do parente; deve pedir para falar com o suposto seqüestrado ou pedir detalhes da vítima" aconselhou.

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