A hipótese da panspermia é plausível, mas desnecessária para explicar a origem da vida na Terra, segundo o químico Richard Shapiro, da Universidade de Nova York (NYU). "Não há nenhuma razão pela qual a vida não poderia ter começado aqui mesmo", disse o pesquisador ao Estado.Segundo ele, apesar das improbabilidades e das dificuldades de reproduzir esse processo em laboratório, não há nenhum fator químico ou biológico que proíba a formação espontânea de vida na natureza, via interação de átomos e moléculas. "Nós estamos aqui, então aconteceu. Em algum lugar, de alguma forma, moléculas orgânicas se juntaram para formar uma vida primitiva." A partir daí, começa o capítulo mais familiar da história, em que a evolução transforma e diversifica essa vida primitiva em espécies cada vez mais complexas, dando origem a todos os seres vivos que já habitaram a Terra.Muitas dúvidas, porém, permanecem sobre o capítulo inicial. Não apenas sobre o "como", mas também sobre o "onde" teria começado a vida. Há quem diga que foi na borda de chaminés submarinas, em que água fervente expelida do interior da terra se mistura com a água gélida do fundo do oceano. Há quem diga que foi em crateras vulcânicas ou em fendas no gelo. "Há muitos ambientes propícios para a formação da vida."Para confirmar a hipótese da panspermia, diz Shapiro, seria preciso achar micróbios iguais aos da Terra congelados em cometas, meteoros ou outro planeta do sistema solar.