Para maioria dos eleitores dos EUA, campanha presidencial é distante

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Por ANDY SULLIVAN
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A eleição presidencial deste ano pode estar entre as mais acirradas na história norte-americana, com o presidente Barack Obama e o republicano Mitt Romney em um empate virtual. Para um número crescente de eleitores, no entanto, não será bem uma disputa. Perto de 22 por cento da população norte-americana vivem nos nove Estados politicamente divididos que devem determinar o resultado da eleição de terça-feira - e que vêm sendo o foco das paradas das campanhas e da propaganda dos candidatos. É um reflexo de como os norte-americanos elegem seu presidente não por voto popular, mas através de um processo Estado a Estado conhecido como Colégio Eleitoral. O vencedor de cada Estado costuma ser premiado com os votos eleitorais daquele Estado, e 270 votos eleitorais são necessários para ganhar a Casa Branca. Nas últimas quatro décadas, as eleições presidenciais se desenrolam em um campo de batalha cada vez menor, com os partidos políticos se tornando mais ideologicamente unificados e os norte-americanos se mudando cada vez mais para comunidades onde seus vizinhos compartilham dos mesmos pontos de vista, dizem analistas. Por conta disso, a maioria dos Estados pode ser descartada - seja particularmente amigável a um candidato, ou não - antes mesmo de uma campanha eleitoral começar. Com os Estados do Sul e da planície firmemente na coluna republicana e o nordeste e a costa oeste solidamente com os democratas, desde 2000 as eleições se centram em alguns poucos Estados que, por um motivo ou outro, continuam politicamente diversificados e ainda na disputa. Neste ano, Obama e Romney centraram a maior parte de sua campanha publicitária em nove Estados: Nevada (6 votos eleitorais), Colorado (9), Iowa (6), Wisconsin (10), Ohio (18), New Hampshire (4), Virginia (13), Carolina do Norte (15) e Flórida (29). Romney fez uma oferta tardia para a Pensilvânia e seus 20 votos eleitorais, mas as pesquisas ali mostram Obama com uma liderança consistente. Disputas presidenciais competitivas nos anos 1960 e 1970 envolveram Estados que compunham mais da metade da população norte-americana. Desde 2000, a corrida presidencial vem sendo competitiva em Estados onde moram por volta de um quarto dos eleitores. Analistas políticos dizem que o escopo geográfico estreito da campanha presidencial não é um sintoma apenas da polarização crescente - também é um motivo de essa distância continuar aumentando. Essa dinâmica encoraja os candidatos presidenciais a ignorarem grandes partes do país e dificulta para o vencedor da eleição governar de forma eficaz. "A política agora não é sobre questões, é mais uma afiliação tribal", disse Bill Bishop, que investigou a crescente polarização geográfica do país no seu livro de 2008 "The Big Sort".

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