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Pfizer vai pedir autorização nos EUA para dose de reforço; agências não veem necessidade imediata

Dados iniciais dos estudos próprios da farmacêutica mostram que uma terceira dose de reforço gera níveis de anticorpos que são de cinco a dez vezes maiores do que os adquiridos com a segunda dose

Por Michael Erman
Atualização:

A Pfizer planeja solicitar à agência reguladora dos Estados Unidos autorização para a aplicação de uma dose de reforço de sua vacina contra a covid-19 a partir do mês que vem, afirmou o principal cientista da farmacêutica nesta quinta-feira, fundamentado em evidências de que há um risco maior de reinfecção seis meses após a imunização e por conta da propagação da mais contagiosa variante Delta.

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Após o anúncio pela Pfizer, o Centro de Controle de Doenças (CDC) e a Food and Drug Administration (FDA, órgão regulador de caráter semelhante à Anvisa no Brasil) disseram em nota conjunta que o reforço com uma terceira dose ainda não é necessário. "Estamos preparados para adotar a dose de reforço quando e se a ciência demonstrar que isso é necessário."

O diretor científico da Pfizer, Mikael Dolsten, disse que a queda de eficácia da vacina reportada recentemente em Israel é causada em sua maioria por infecções em pessoas vacinadas entre janeiro e fevereiro. O Ministério da Saúde do país afirmou que a eficácia na prevenção de infecções e de quadros sintomáticos da doença caiu para 64% em junho. 

Muitos países na Europa e no restante do mundo já estão em contato com a Pfizer para discutir a compra de doses de reforço Foto: REUTERS/Fabrizio Bensch

"A vacina da Pfizer é altamente efetiva contra a variante Delta", disse Dolsten em entrevista. Mas após seis meses, afirmou, "provavelmente há o risco de reinfecção à medida que os anticorpos caem, como já era previsto". A Pfizer não publicou o conjunto completo de dados de Israel nesta quinta-feira, mas afirmou que eles seriam publicados em breve. 

Dolsten ressaltou que os dados de Israel e Reino Unido sugerem que, mesmo com os níveis de anticorpos em queda, a vacina continua com eficiência de 95% contra quadros graves da doença.  A vacina, desenvolvida com a parceira alemã BioNTech, mostrou 95% de eficácia na prevenção da covid-19 sintomática em um estudo clínico conduzido pelas empresas no ano passado.

O diretor diz que os dados iniciais dos estudos próprios da farmacêutica mostram que uma terceira dose de reforço gera níveis de anticorpos que são de cinco a dez vezes maiores do que os adquiridos com a segunda dose, sugerindo que uma terceira dose pode oferecer uma proteção promissora.

Ele disse que muitos países na Europa e no restante do mundo já estão em contato com a Pfizer para discutir a compra de doses de reforço, e que alguns podem começar a aplicação mesmo antes de uma eventual autorização dos Estados Unidos. 

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Dolster diz acreditar que as doses de reforço são importantes especialmente nas faixas etárias mais altas. Como a busca por doses de reforço irá aumentar a demanda por vacinas enquanto a maior parte do mundo ainda não foi vacinada, Dolsten diz que a Pfizer está buscando maneiras de aumentar sua produção. 

A Pfizer já tem a meta de produzir 3 bilhões de doses neste ano, e 4 bilhões de doses no ano que vem. Dolsten se recusou a fazer uma previsão de quantas doses adicionais a empresa poderia produzir, mas disse "podemos aumentar de bilhão em bilhão em 22".  O CEO da Pfizer, Albert Bourla, já disse que as pessoas provavelmente precisarão de uma dose de vacina da empresa a cada 12 meses - semelhante a uma vacina anual contra a gripe. 

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