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PT e PMDB terão ato discreto por acordo para sucessão na Câmara

Por JEFERSON RIBEIRO
Atualização:

PT e PMDB farão na próxima semana um ato discreto para reafirmar o acordo que prevê um rodízio dos partidos no comando da Câmara dos Deputados, apesar de alguns integrantes das legendas discordarem do momento escolhido pelas cúpulas peemedebista e petista. O clima reservado da reunião tem como objetivo evitar o clima de "já ganhou", segundo o líder do PMDB na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), que deve ser o candidato apoiado pelo acordo. "Temos que ter cuidado para não parecer que já ganhou. Esse é o primeiro passo. Depois ainda tem que procurar os outros partidos", afirmou Alves à Reuters nesta quinta. Mesmo com discrição há quem conteste, no PT e no PMDB, o momento escolhido para reafirmar o acordo assinado pelas cúpulas petista e peemedebista. Um peemedebista disse, sob condição de anonimato, que a manutenção do acordo deveria ser celebrada após o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que atrai quase toda a atenção da opinião pública. O líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), também crê que esse não é o melhor momento, mas por questões políticas. Segundo ele, os partidos estão concentrados nas eleições municipais neste momento e, portanto, o melhor era aguardar a passagem do período eleitoral. "Tem que ver um pouco a fotografia após a eleição. Tanto em relação à Câmara, quanto ao Senado. Tem que ver como vão ficar as forças", disse à Reuters negando, porém, que defenda a revisão do acordo com o PMDB. Tatto disse que ainda não foi convidado para o ato político que, segundo Alves, deve reunir apenas os presidentes dos dois partidos, o deputado estadual Rui Falcão (PT) e o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), e os líderes dos dois partidos na Casa. Nem mesmo o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), deve ser chamado. "Não quero envolver o presidente nisso. Esse é um acordo entre os partidos", disse Alves. A reafirmação do acordo assinado pelos dois partidos foi acertada entre a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer no início do mês passado depois que os dois participaram ativamente da construção de uma aliança entre PT e PMDB para disputar a Prefeitura de Belo Horizonte. O líder do PMDB afirmou ainda que depois das eleições é que o PMDB reunirá oficialmente a bancada de deputados para indicar seu nome formalmente e daí começará a procurar os outros partidos que compõem a base aliada do governo no Congresso. Alves acredita que pode atrair o apoio da maioria dos partidos aliados e inclusive construir uma candidatura única com os partidos de oposição a seu favor. O objetivo do peemedebista pode não ser alcançado porque há possibilidade de PSB e PSD se juntarem para lançar uma candidatura alternativa, segundo disseram à Reuters fontes dessas legendas no mês passado. "Isso não prospera nem dois metros", disse o líder do PMDB ao ser questionado sobre essa possibilidade. Alves está na sua 11a legislatura e no ano passado protagonizou momentos de embate com o Palácio do Planalto, principalmente durante a votação do novo Código Florestal. O deputado comandou a bancada ruralista no plenário para aprovar um texto distante do defendido pelo governo.

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