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Referendos na Escócia e na Catalunha podem redesenhar a Europa?

Por PETER A
Atualização:

A bandeira separatista da Catalunha, com suas listras amarelas e vermelhas, triângulo azul e uma estrela branca, era uma visão rara nas ruas de Barcelona há uma década. Agora, é quase onipresente. Dois mil quilômetros para o norte, na Escócia, a bandeira azul-e-branca sempre foi popular. Mas essa bandeira também simboliza cada vez mais algo novo, que depois de mais de 400 anos na Grã-Bretanha, a Escócia pode estar à beira de exigir um divórcio. Com o foco no risco de a zona do euro se romper, alguns suspeitam que esta década poderá ser lembrada como o momento em que dois dos Estados mais permanentes da Europa começaram a se dividir. Partidos pró-independência da Escócia e da Catalunha estão se preparando para referendos no próximo ano que eles esperam que poderá resultar em separação das suas regiões para sempre, o que alguns analistas suspeitam que pode encorajar outros na Europa a seguir o exemplo. Existem diferenças consideráveis entre as duas regiões. A Escócia tem sido sempre referida como um "país" separado dentro da Grã-Bretanha, enquanto as reivindicações da Catalunha para se autogovernar estão enraizadas na história da Idade Média. O governo do primeiro-ministro britânico, David Cameron, concordou em cooperar com o referendo escocês em 2014, embora esteja fazendo campanha vigorosa contra qualquer divisão. Em contraste, Madri declarou que irá lutar contra um referendo catalão por razões constitucionais. Os partidos separatistas que funcionam na região estão ansiosos para avançar de qualquer maneira e se equiparar à Escócia, com uma votação em 2014. Alguns suspeitam que as duas campanhas vão se alimentar uma a outra nos próximos meses. Cada causa está organizando uma série similar de argumentos econômicos emocionais, práticos e de sangue frio, bem como compartilham frustração generalizada com os detentores do poder na capital nacional tradicional. Alfred Bosch, líder da Esquerda Republicana, ou ERC, bloco no parlamento espanhol que há muito tem feito lobby para a independência, disse que os políticos separatistas na Espanha estão de olho no que está acontecendo na Escócia. Em ambos os países, "há argumentos emocionais fundamentais para a independência e há os argumentos econômicos mais racionais. O que estamos vendo é que eles estão se juntando."

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