Renda menor impacta intenção de compras no 1o tri

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Por VIVIAN PEREIRA
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Embora sazonalmente mais fraco após o período de vendas de Natal, o primeiro trimestre de 2012 deve ser marcado pela redução da renda real do consumidor brasileiro, o que já começou a prejudicar a intenção de compras no início deste ano, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira. O índice de consumidores da cidade de São Paulo que pretendem comprar algum bem durável entre janeiro e março caiu para 60,6 por cento, de 78 por cento no quarto trimestre de 2011, segundo levantamento do instituto Provar, da Fundação Instituto de Administração (FIA), em parceria com a Felisoni Consultores Associados. De acordo com a pesquisa, também houve redução na intenção de compra na comparação com primeiro trimestre de 2011, quando o índice era de 71,8 por cento. O nível apurado para o primeiro trimestre é o mais baixo desde 2009, quando o indicador atingiu 66,6 por cento. Em 2010, um ano forte para o consumo em geral, o indicador foi de 77,2 por cento nos primeiros três meses. "Esse ano teremos crescimento de vendas muito menor que no ano passado... e o principal motivo é a redução da renda real", disse o presidente do conselho do Provar, Claudio Felisoni de Angelo, acrescentando que a renda vem sendo comprometida por inflação e juros maiores, além de dúvidas sobre o futuro da economia global. Considerando um gasto familiar mensal médio de 2.477 reais no atual trimestre, contra 2.369 reais um ano antes, a pesquisa apontou uma "sobra" de 10,2 por cento, enquanto no primeiro trimestre de 2011 era de 15,7 por cento. Nesse sentido, o Provar estima um crescimento nas vendas totais nos 12 meses de março de 2011 a março deste ano de 3,2 por cento, comparado a um avanço de quase 13 por cento um ano antes. Conforme o levantamento, houve redução em sete das dez categorias de produtos pesquisadas, com exceção de automóveis, linha branca, e cama, mesa e banho. As categorias com maior intenção de compras neste trimestre são materiais de construção (9,8 por cento das intenções), automóveis e motos (9,4 por cento) e informática (8,4 por cento). No mesmo período do ano passado, a categoria mais citada entre as intenções de compra era eletroeletrônicos, seguida por materiais de construção. A pesquisa passou a incluir os grupos vestuário e calçados e viagens e turismo nesta última leitura e, portanto, os itens não são comparáveis. Para o primeiro trimestre, a intenção de compras de vestuário e calçados é de 15,4 por cento e de viagens e turismo, de 12 por cento. Segundo Felisoni, o resultado do índice de intenção de compra mostra que as medidas tomadas em dezembro para incentivar o consumo -incluindo a desoneração de itens da linha branca- não foram suficientes para sustentar o ânimo dos consumidores no início do ano. "As medidas tomadas não são suficientes para manter o ritmo de crescimento (das vendas)... mesmo que (o governo) baixe a taxa de juro, o repasse na ponta não acontece rapidamente", afirmou. Ainda de acordo com ele, o repasse de uma redução da taxa Selic aos preços finais leva de oito a dez meses. COMÉRCIO ELETRÔNICO A pesquisa mostrou também que a intenção de compras pela Internet no atual trimestre ficou praticamente estável em relação aos três meses anteriores, mas caiu 3,6 pontos percentuais na comparação anual, para 86,4 por cento. As categorias com maiores intenções de compra online entre janeiro e março de 2012 são eletroeletrônicos (38 por cento), informática (31 por cento) e telefonia e celulares (27,8 por cento).

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