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Seleção brasileira festeja Copa América sem esconder mágoas

Por RODRIGO VIGA GAIER
Atualização:

O clima de desconfiança e tensão que rondou a seleção brasileira durante a Copa América deu lugar à empolgação nesse domingo, mas sem deixar de lado a mágoa dos jogadores e da comissão técnica pelas cobranças e críticas que receberam ao longo do torneio. Em tom de desabafo, o técnico Dunga dedicou a conquista da Copa América de 2007 às crianças de países pobres e em guerra porque "são pessoas que tem pureza, amor e não tem inveja e maldade". O goleiro Doni e o volante Mineiro falaram em "falta de respeito". O armador Júlio Baptista viu no título uma "resposta a quem pensava que éramos um time medíocre". O esquema com três volantes do treinador brasileiro, estreante em competições oficiais, foi muito criticado durante a Copa América, apesar de também ser utilizado pela Argentina, equipe considerada favorita nas batida na final deste domingo por 3 x 0. Apesar das rusgas com os jornalistas nas entrevistas até a vitória final, Dunga, que disputou seu primeiro campeonato no comando da seleção pentacampeã mundial, preferiu minimizar os ataques da imprensa e dos torcedores. "Essas críticas não me mobilizam. O Zagallo conquistou muita coisa na seleção e até hoje é cobrado", afirmou. "Isso não quer dizer que agora a gente não tem de comemorar." Decisivo na semifinal contra o Uruguai, na qual pegou dois pênaltis, Doni afirmou que apesar de ter faltado "um pouco de respeito por parte da crítica brasileira", a conquista da Copa América é o momento mais feliz da sua vida. Triunfante, Mineiro disse que apesar da festa, os jogadores ficaram aborrecidos com o noticiário das últimas semanas. "A gente se fechou... vencemos a desconfiança de muitos", disse o jogador, que também viu desrespeito nas críticas à equipe e à comissão técnica. MOTIVAÇÃO Não por acaso, Dunga usou as críticas e o favoritismo argentino em sua preleção para motivar os jogadores na final da Copa América. Segundo Doni, a exposição do treinador antes da decisão foi diferente das anteriores. "Ele procurou estimular mais a gente na parte mental e acabou dando certo... Deixou o grupo nervoso para dar uma adrenalina aos jogadores", disse o goleiro à Reuters. O zagueiro Alex contou que o técnico usou uma dificuldade pessoal para incentivar a seleção brasileira, lembrando o sacrifício que cada um estava fazendo para participar do torneio na Venezuela. Durante a Copa, nasceu o terceiro filho do treinador e, ao mesmo tempo, o pai dele permanecia internado num hospital no sul do país. "O Dunga (também) lembrou da origem humilde de cada jogador para mexer conosco", disse Alex.

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