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Sem armas, manifestações palestinas atraem mulheres e crianças

Governo proibiu presença de pessoas armadas e tradicionais disparos ao alto.

Por Rodrigo Durão Coelho
Atualização:

As manifestações palestinas do Nakba desta quinta-feira feira tiveram um clima mais leve do que outros eventos palestinos do passado, com a presença de muitas mulheres e crianças. "Isso aconteceu porque desta vez a Autoridade Palestina proibiu a presença de homens armados", afirmou Javier Abueid, assessor de comunicação da Autoridade Palestina à BBC Brasil. "Vários garotos armados, um deles com um lançador de foguetes, foram impedidos de ficar aqui com suas armas." Em celebrações palestinas, eram comuns os disparos de metralhadora para o alto. Acidentes não eram incomuns, com balas retornando ao solo. Bandeiras O Nakba, ou tragédia, é como os palestinos se referem a criação de Israel e à conseqüente perda de suas terras. No mar de bandeiras que se tranformaram as ruas principais de Ramallah, onde fica a sede do governo palestino, era possível ver várias bandeiras palestinas, negras (para marcar os 60 anos de tragédia) e azuis da ONU, como referência à resolução 194, aprovada em dezembro de 1948 e que recomenda a volta dos refugiados palestinos à Israel. O clima leve era pontuado por música, com muitas crianças tocando instrumentos percussivos em bandas de rua e cantando canções de fundo político, como a libanesa Onde Estão os Árabes, que pede por uma união maior entre o povo árabe para resistir a agressões. A palestina Nanci, que nasceu em Porto Rico, mas se mudou para a Cisjordânia há dois anos, era uma das adolescentes presentes na manifestação. "Temos que recuperar nossas terras de volta", afirmou a jovem. A jovem Fatima, de 19 anos, contou que esta foi a primeira manifestação que acompanhou. "Antes era muito perigoso, com tantos tiros para o alto", disse. "E fazer de forma pacífica traz mais resultados, é mais racional. Não podemos competir militarmente com Israel." Balões Discurso parecido mostrou Satha, de 20 anos, que, no campo de refugiados de Kalandia, era uma das pessoas que se preparava para soltar milhares de balões negros, que, segundo os palestinos, o vento levaria para os céus de Israel. "Tem um balão para cada dia de ocupação. 365 x 60 anos, 21.900 balões", afirmou. "Essa é uma mensagem mais sutil, inteligente, para se tentar chegar ao coração dos israelenses." "Nós não temos formas de falar com eles, conhecê-los e eles a nós", acrescentou Satha. "Pelo menos essa é uma forma de mostrar a eles que continuamos sofrendo, todos os dias." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.