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Sucesso nos testes com nova vacina contra meningite

Por Agencia Estado
Atualização:

Os testes pré-clínicos com uma nova vacina contra a meningite meningocócica, mais eficaz e econômica que as hoje existentes, foram encerrados com sucesso, e em breve ela começará a ser testada em seres humanos na África, um dos continentes mais afetados pela doença, informaram nesta terça-feira seus pesquisadores. O desenvolvimento dessa vacina está nas mãos do Projeto para Vacinas contra a Meningites, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com a entidade privada Programa para uma Tecnologia Adequada em Saúde (PATH), com sede em Seattle, e o Instituto Serum, da Índia. "A nova vacina, que poderia ter um preço de US$ 0,40 por dose, deu resultados muito promissores nas provas clínicas da primeira fase (pré-clínicas)", afirmou o diretor do projeto, Marc LaForce, através de um comunicado. A meningite é uma infecção do fluido que rodeia as meninges cerebrais e a medula espinhal. Normalmente é causada por vírus ou bactérias e seus primeiros sintomas costumam ser febre alta, vômitos, dores de cabeça e rigidez do pescoço. Se a doença não é tratada a tempo, o paciente sofre além disso convulsões e paralisias, perde os sentidos e finalmente entra em choque e morre. A variedade provocada pela bactéria "Neisseria meningitidis" se chama meningite meningocócica e é transmitida de pessoa a pessoa através da saliva ou de secreções da garganta. Se as autoridades autorizarem, a segunda fase de testes (com seres humanos) pode começar no fim deste ano na Gâmbia e no Mali, onde a nova vacina será usada como parte do tratamento público para lutar contra a doença. Os dois fazem parte do chamado "cinto da meningite", formado por 21 países subsaarianos que, com cerca 430 milhões de habitantes, se estende desde Senegal, no litoral do Atlântico, até as costas do Índico. Há mais de 100 anos a doença mata milhares de pessoas por ano (25 mil entre 1996 e 1997, segundo a OMS) na região. Por isso, os pesquisadores pretendem utilizar a nova vacina o mais rápido possível. Segundo seus cálculos, a nova vacina poderia estar disponível dentro de "três ou quatro anos" na África e também se pretende utilizá-la na Índia, onde surgem pequenos focos esporádicos da doença. Recentemente um foco de meningite meningocócica foi detectado em Délhi, onde nas últimas semanas morreram 21 pessoas e outras 370 ficaram doentes. Outro foco está ativo na Costa do Marfim e no oeste de Burkina Fasso, onde se registraram cerca de 3 mil casos. As atuais vacinas contra a meningite exigem múltiplas doses e são aplicadas após a detecção do foco epidêmico. A nova, porém, terá caráter preventivo. Segundo seus promotores, será mais eficaz que as existentes tanto sobre as crianças já vacinadas, porque oferece uma proteção mais duradoura, quanto sobre as não vacinadas, porque bloqueia a capacidade de transmissão da bactéria. A meningite costuma afetar especialmente "crianças, adolescentes e adultos jovens", sendo por isso considerada "uma epidemia que pode se transformar rapidamente num desastre social, humano e econômico em vários países ao mesmo tempo", alertam os pesquisadores. Calcula-se que pelo menos 10% dos doentes de meningite morrem, e 20% têm complicações para o resto da vida, como retardamento mental, surdez, epilepsia ou necrose, que leva à amputação das extremidades.

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