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Venda de frutas é 40% maior no fim do ano

Safra quebrou por causa do clima, mas, com a [br]concorrência das importadas, produtor não pôde aumentar preços

Por Leandro Costa
Atualização:

As mesas de frutas, montadas tradicionalmente para as festas de réveillon, têm tudo para ser fartas este ano. Os preços dos produtos preferidos para enfeitar a mesa mantiveram-se estáveis para o consumidor final. Conforme o Departamento de Economia da Ceagesp, na capital, o consumo de frutas em dezembro cresce 40%. "Normalmente comercializamos cerca de 130 mil toneladas por mês durante o ano. Em dezembro devemos vender mais de 200 mil toneladas", diz o economista Flavio Godas.Se os consumidores podem aproveitar os competitivos preços das frutas, os produtores não têm tanto a comemorar. Com as chuvas constantes nas áreas de cultivo no Estado de São Paulo, muitos agricultores tiveram prejuízo. "Não conseguimos repassar todas as perdas para o preço porque este ano, por causa do câmbio muito valorizado, nossos produtos passaram a concorrer com frutas importadas", diz o gerente comercial de frutas da Cooperativa Agroindustrial Holambra, João Camargo. A cooperativa comercializa sobretudo frutas de caroço (como ameixa, pêssego e nectarina), muito consumidas nesta época, produzidas em Paranapanema (SP). Segundo ele, durante um curto período de tempo a cooperativa chegou a aumentar os preços em 15%. Tiveram, porém, que voltar atrás. A cooperativa produziu e vendeu 3.200 toneladas de frutas, número considerado "médio" para o proprietário da Fazenda Goracaia, Augustinus Serrarens, que produz praticamente todas as frutas de caroço do mix da cooperativa. "Considerando a chuva e a invasão das importadas, que nos prejudicaram muito, o resultado não foi tão ruim", diz."Teríamos produzido e vendido mais, se não fosse a chuva", acrescenta o proprietário da Fazenda Capuava, Renato Leme, que produziu para esta época cerca de 50 toneladas da ameixa rubi. Ele estima prejuízo de 30% este ano por causa da chuva excessiva, principalmente na época da florada.Assim como Camargo, Leme aponta a desvalorização do dólar frente ao real com barreira à alta dos preços. "Tivemos que focar na eficiência dos processos para reduzir os custos e compensar as perdas", conta.O engenheiro agrônomo Fernando Mascaro, diretor da Sigma Agropecuária, empresa que dá suporte técnico e de pesquisa para a cooperativa, diz que casos como o de Leme refletem a realidade da maioria dos produtores da região.Ele considera, porém, uma vantagem o fato de a região ser focada na produção de ameixas rubi, cuja colheita é tardia e coincide com o Natal e ano-novo. A cooperativa também está colhendo uma variedade tardia de pêssego, chamada de beauty. "Vendemos 40 toneladas desse pêssego só em dezembro", diz Camargo. Ele diz ainda que, mesmo com as perdas, a produção de nectarina foi grande, de 700 toneladas ao longo do ano. Mascaro ainda destaca um ponto positivo. Como as chuvas derrubaram muitas frutas, o tamanho e a qualidade das que resistiram é superior em relação a 2008.

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