Eleição 2024
Falta de nível
A propósito do texto da jornalista Eliane Cantanhêde na edição de 17/9 deste jornal (Machões e estúpidos), tornou-se lugar comum atacar a participação dos outsiders naquilo que se passou a chamar de “política tradicional”. A partir da obra de Levitsky e Ziblatt (Como as democracias morrem), passou-se a acreditar no dogma de que os outsiders corroem as democracias por dentro e que, desse modo, representam uma ameaça a ser combatida, custe o que custar. Daí a justificativa para, em caráter excepcional, renunciar a valores democráticos para defender a própria democracia. Vemos claramente o perigo dessas ideias e para onde estão nos levando. Já justificamos o cerceamento de liberdades para justificar a defesa da própria liberdade. Será que passaremos a justificar a falta de civilidade para defender a própria civilidade? Cadeiradas serão aceitas, excepcionalmente, para garantir a “defesa da honra”? É sério isso? É sério que atores da “política tradicional” tenham a coragem de se rebaixar a esse nível? O que corrói realmente a democracia? São os outsiders ou a absoluta falta de nível daqueles que o sistema político permite e incentiva que participem do jogo político?
José Luis Ribeiro Brazuna
São Paulo
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Erosão do diálogo
A cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal ilustra a erosão alarmante do diálogo em nossa sociedade e reflete a urgente necessidade de restaurar a comunicação. Importa, agora, combater ações e comportamentos que comprometem o diálogo e conscientizar e sensibilizar as pessoas no curto prazo. É essencial promover uma consciência crítica que permita aos indivíduos reconhecer e rejeitar tentativas de manipulação em comunicações truncadas e cortadas. A solução passa por uma campanha que incentive a população a valorizar e exigir um discurso que favoreça o entendimento mútuo e a coexistência de diferentes opiniões.
George Paulus
São Paulo
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Já perdemos
Dos atuais concorrentes à Prefeitura da maior cidade do Brasil faltam propostas. Faltam carisma e propostas para a solução dos problemas da cidade, que são muitos. Só resta a busca pela lacração. Vivemos, desde sempre, na seleção natural de candidatos que compactuem com os nossos ideais de uma sociedade melhor, que trabalhem para melhorar a cidade e a qualidade de vida do indivíduo. Mas isso está longe de acontecer. A disputa de ofensas que vemos nos atuais debates, em que se ataca a honra dos adversários, só confirma a falta de propostas para solucionar nossos problemas. Quem perde neste jogo de ataques somos nós, eleitores, que ficamos à mercê de uma busca por likes e de difamações infundadas. Nunca estivemos tão convictos de que, não importa o vencedor dessa batalha, nós, eleitores, já perdemos.
Willian Soares de Lima
Santo André
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PSDB
Uma pena para o Brasil
Foi triste, para mim, ler o editorial A morte horrível de um partido político (Estadão, 18/9, A3). Passei anos votando em candidatos do PSDB e até participei – na agência de propaganda na qual trabalhava – da campanha de José Serra à Presidência, em 2010. Aliás, campanha em que se escondeu o legado de FHC, um erro crasso. Mas o PSDB sempre foi minha referência de dignidade na política, cuja “herança maldita”, na visão tacanha de quem se beneficiou desse passado e, infelizmente, governa o País, na verdade é a herança que hoje ainda sustenta o Brasil que dá certo: o Brasil dos genéricos; o Brasil referência no combate à aids; das agências reguladoras; da revolução nas comunicações; das privatizações de estatais, antes cabides de empregos; e, claro, da estabilização da moeda com o Plano Real. É uma pena e uma perda para a democracia brasileira que o PSDB tenha chegado aonde chegou, da forma que chegou.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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Horário de verão
Ruim para o trabalhador
O governo federal está cogitando a volta do horário de verão, extinto em 2019. Não consigo encontrar razão que justifique a estupidez dessa medida. Os trabalhadores têm de despertar mais cedo (ainda no escuro) e, ainda que a economia de energia seja verdadeira, acredito que estaria muito longe de justificar a violência no relógio biológico das pessoas e os prejuízos na qualidade de vida. Ou seja, para o trabalhador, é um pesadelo. Dar fim ao horário de verão foi a única coisa boa que o governo Bolsonaro fez.
Silvio Rodrigues
Santos
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
HISTÓRICO DOS CANDIDATOS
Na campanha eleitoral para a presidência da República de 2022 era proibido lembrar que Lula tinha sido condenado em três instâncias por corrupção, pois os processos foram anulados por questões formais. O mérito não foi analisado e veio a prescrição. Se prescrito está, o assunto está encerrado. Elegeu-se presidente da República. No curso da campanha para prefeitura de São Paulo, a candidata Tabata Amaral trouxe para o primeiro debate a condenação do candidato Pablo Marçal, julgada extinta por prescrição da condenação, vez que o prazo prescricional foi reduzido a metade por ser o réu menor de 21 anos à época do fato delituoso. Como ela, todos os demais candidatos passaram a lançar contra outsider os adjetivos de criminoso, condenado, ladrão de velhinhos e outros. Faz parte do sistema penal brasileiro a reabilitação criminal do réu que cumpriu pena ou que tenha sido alcançada pela prescrição, para que possa ser reintegrado à sociedade e possa inclusive a ocupar cargos públicos. Assim sendo, dentro do princípio da igualdade, por que Pablo Marçal ainda é tratado como criminoso e Lula não?
Ana Lúcia Amaral
São Paulo
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PABLO MARÇAL
Marçal tem medo de tomar água envenenada, mas coragem de dizer baboseiras nos debates (Estadão, 17/9). Volto a afirmar: Marçal não tem perfil para ser prefeito de São Paulo, mas tem coragem suficiente para botar o dedo na ferida, ser o nosso porta voz, denunciando e protestando contra as inacreditáveis lambanças que ocorrem no País. E quanto a dizer baboseiras, o campeão absoluto neste quesito é Luiz Inácio Lula da Silva.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto
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ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE SP
Nas próximas eleições à prefeitura de São Paulo, há necessidade de mudanças urgentes. É evidente que não existe nenhum candidato à altura da capital paulista. Nenhum deles possui qualquer plano de governo para resolver os crassos e perenes problemas. Se esmeram exclusivamente por demonstrar suas agressividades, seu português mal falado, sua falta de respeito para com os eleitores, num autêntico Circo dos Horrores. Mas na verdade, há uma ressalva: trata-se de Tabata Amaral que se mostra a mais indicada para o cargo, com propostas reais e possíveis de serem realizadas. Tabata teve a oportunidade de se formar na Universidade de Harvard; é de classe média; é diplomada em outras matérias; tem facilidade para se comunicar com todas as classes sociais e não tem medo de seus adversários, pois se impõe com elegância, educação e respeito. Afinal, certamente, é uma chance que aparece para dar esperança ao sofrido povo da maior metrópole do País. Ora, com esse retrospecto, sobram razões para colocá-la no paço municipal de São Paulo. Vale a pena dar uma oportunidade para nós mesmos.
Júlio Roberto Ayres Brisola
São Paulo
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TABATA AMARAL
O artigo do diretor geral da Fundação FHC, Sergio Fausto, intitulado Por que votar em Tabata Amaral (Estadão, 17/9, A6), deixa claro porque a candidata é a melhor opção para a prefeitura de São Paulo; tanto pelas suas qualidades pessoais, como inteligência, empatia, coragem, independência, capacidade de diálogo, visão de futuro, preparo etc.; como por sua história de vida e superação. Além de representar a possibilidade de articulação de uma frente social-democrata, que tanta falta faz ao Brasil, neste período de extrema polarização entre a direita com inclinações autoritárias, e uma esquerda com uma visão anacrônica e defensora de ditaduras e tiranetes. São Paulo, como o Brasil, precisa de ideias novas, visão de futuro, conhecimento de tecnologia, defesa de causas como a igualdade de oportunidades, melhor educação pública e outras. Tabata pode representar a esperança de renovação e igualdade que Barack Obama trouxe aos Estados Unidos.
Mario Ernesto Humberg
São Paulo
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PSDB
Triste fim do PSDB. O outrora o grande partido de quadros, célebre por abrigar grande políticos e intelectuais, hoje se transformou em um pequeno partido sem rumo, onde a violência se transformou em arma política pelo despreparado candidato José Luiz Datena.
Alfredo Tucunduva
São Paulo
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DPVAT
Estranhamente alguns leitores estão se manifestando a favor do voto útil em Tabata Amaral como se ela fosse uma candidata moderna. Esqueceram que tanto ela como Guilherme Boulos votaram a favor da volta do DPVAT, extinto anos atrás. Típico de político cujo pensamento é: “governar é aumentar impostos”.
Pedro Paulo Couto
São Paulo
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‘FALA MUITO E POUCO FAZ’
O governo Lula da Silva recebeu inúmeros alertas ao longo deste ano sobre o descontrole das queimadas e os riscos trazidos pelo clima seco. Ao que se sabe, não fez nada. Esta semana, segundo o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo, Lula da Silva ligou para ele “preocupado com a impunidade sobre as queimadas”. É mais um capítulo da eterna terceirização a que Lula da Silva recorre e é recorrente. Nenhuma autoridade afirmou com segurança que os incêndios têm origem criminosa, mas para tirar a culpa das próprias costas, Lula da Silva já decidiu que ele é vítima. Se não ficar provado que houve crime na origem do fogo, sempre tem uma La Niña e um El Niño para responsabilizar. E assim segue o Brasil, comandado por um presidente que fala muito e pouco faz. É omisso naquilo que lhe compete, mas sempre tem amigos para quem ligar.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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REUNIÃO COM MINISTROS
Já? Hoje Lula se reuniu com vários ministros para decidir o que fazer a respeito dos incêndios.
Aldo Bertolucci
São Paulo
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SUGESTÃO
Uma sugestão para nossa ministra do Meio Ambiente: considerando que, quando intacta, a floresta amazônica não é incendiável, e que, quando nela há incêndios, são restritos a restos vegetais deixados em áreas desmatadas, sugere-se legislação que proíba a venda de troncos de madeira colhidos da floresta. Considerando que a devastação também tem ocorrido no Peru, Bolívia e Paraguai, sugere-se legislação que proíba que troncos de madeira colhidos nesses países passem pelo Brasil em sua rota de exportação. É recomendável esforços para ter essa legislação antes do início de 2025, e, quando a tiver, aplicá-la imediatamente, sem exceções.
Wilson Scarpelli
Cotia
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CONTABILIDADE CRIATIVA
Em bom momento veio a matéria com a entrevista concedida pelo economista Marcos Lisboa, intitulada ‘Criatividade na contabilidade pública está voltando com força’ (Estadão, 15/9, B5) e publicada no caderno de Economia & Negócios, sobre um assunto de registro contábil na administração pública, idealizado com requintada malícia por políticos no sentido de reduzir o resultado real do déficit primário. O Banco Central não pactua com o Tesouro Nacional que afirma contabilizar os recursos obtidos na apropriação do dinheiro das contas bancárias inativas, de pessoas físicas e jurídicas, abandonadas por seus titulares e/ou sucessores, como “Receita Primária”, cujo ato contraria normas e princípios de contabilidade, pois esses recursos excepcionais não se incluem, em hipótese alguma, receitas das operações da atividade fazendária. Este caso é apenas um, de inúmeras outras situações, que se valem os políticos de governo, para incluir e excluir contas de receitas e despesas para satisfazer resultados que não comprometa a gestão que lhes cabe. Isto é que se denomina “Contabilidade Criativa”, que precisa de um basta porque se trata de falsidade ideológica que sujeitam os seus autores.
Jorge Atique Cury
Barretos
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JUROS
Taxa de juros em queda nos Estados Unidos e em alta no Brasil. E o pobre Lula sem bode expiatório, sentindo uma saudade enorme de Roberto Campos Neto.
Jorge Alberto Nurkin
São Paulo
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‘PRAGAS BRASILEIRAS’
No Brasil temos três pragas principais, ou seja, os políticos, a soja e o boi. Não precisamos aumentar as quantidades de nenhum dos três. Os políticos são responsáveis por estarmos não na América Latina, mas sim na América Latrina, um país atrasado, principalmente intelectualmente, com uma juventude desesperançada e condenada à subempregos, como influencers, MCs, etc. O mercado para a soja está saturado, e os chineses, principais compradores, estão abarrotados dela. O boi tem sido uma das atividades mais prejudiciais ao meio ambiente, com a destruição de matas, poluição das águas, tudo substituído por pastagens, o que piora muito as consequências das mudanças climáticas. Há notícias que no pantanal do Mato Grosso tem havido até o uso de agrotóxicos, tipo, agente laranja para exterminar florestas para posterior plantio de pastagens. Para que tudo isso? Os empresários envolvidos com o boi estão entre fortunas de destaque mundial. O pior é que eles influenciam a outra praga, os políticos, para conseguir aumentar ainda mais suas fortunas.
Nestor Rodrigues Pereira Filho
São Paulo
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SECA EM BRASÍLIA
Brasília tem a segunda pior seca de sua história, mas muita gente continua lavando muito dinheiro, molhando as mãos de políticos e muitas reuniões fazendo chover no molhado.
Carlos Gaspar
São Paulo
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BETS E CIGARROS ELETRÔNICOS
É inacreditável que existam, mais inacreditável ainda é que milhões de pessoas mergulhem de cabeça nessas bobagens. Apostas online com dinheiro em joguinhos feitos para crianças virou uma epidemia, já movimenta bilhões de reais. O cigarro eletrônico consegue a formidável proeza de antecipar todos os malefícios do cigarro convencional. Em pouquíssimo tempo o usuário terá destruído seus pulmões, já existe uma legião de adolescentes com enfisema pulmonar em estado avançado. O governo deveria banir todas as apostas pelo celular e prender todos os envolvidos com a comercialização dos cigarros eletrônicos. Não há discussão possível sobre o assunto.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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‘BETSDEMIA’
Os brasileiros que venceram a pandemia do coronavírus, a covid-19, agora estão infectados pela Betsdemia, as apostasdemia, em português, nosso idioma fora de moda. Milhares de bandidos picaretas lançaram centenas de tipos de apostas de jogos de futebol e mil outros tipos de apostas viciadas e mafiosas. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, quer regulamentar e disciplinar a fuzarca e recolher impostos das menos mafiosas. Permitir apostas em resultado de jogos de futebol ou o que quer seja é conduzir a população a um vício terrível. É oficializar a bandidagem e ajudar a matar pessoas ingênuas e propensas ao vício destruidor de famílias e vidas.
Paulo Sergio Arisi
Porto Alegre
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‘NAS MÃOS DE UM SÓ HOMEM’
Irrepreensível o artigo publicado ontem pelo jornalista Carlos Alberto Di Franco, intitulado Riscos de um país de um único juiz (Estadão, 16/9, A6). Um absurdo o que está ocorrendo em nosso país. Alexandre de Moraes age como certos déspotas de outros séculos: “o Estado sou eu” ou “a lei, ora a lei”. Prende, condena, multa, bloqueia contas bancárias, etc. Tudo sem processo. Os defensores não tem acesso aos autos. E os direitos constitucionais? Ora, são meros detalhes.
Fernando de Mattos Barretto
São Paulo