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Opinião|Um novo modelo de capitalismo para gerar mudanças verdadeiras no mundo

Para o filantropo internacional Sir Ronald Cohen, o capital precisa promover o impacto positivo para além do lucro

Atualização:

Para Sir Ronald Cohen, presidente do Global Steering Group for Impact Investment (GSG) - que sucedeu a Força-tarefa de Investimento de Impacto Social do G8, a qual também presidiu -, o capitalismo precisa ser baseado no propósito, na sustentabilidade e mitigação das desigualdades. A visão dele, um dos maiores especialistas mundiais em negócios de impacto, é que o capital deve promover impacto positivo para além do lucro. Essa, aliás, é a causa que defende. Como filantropo internacional, capitalista de risco, investidor de private equity e inovador social, em cada uma das iniciativas que lidera, a essência norteadora é mudar a alocação de recursos humanos e financeiros para a criação de impacto positivo social.

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Em Impacto: um novo modelo de capitalismo para gerar mudanças verdadeiras no mundo - best-seller do Wall Street Journal, lançado no Brasil pela Matrix Editora -, Sir Cohen defende que estamos nos movendo em direção a um mundo melhor e mais justo, onde os mercados impulsionam o bem e o lucro.

Para acelerar essa Revolução do Impacto, devemos torná-lo mensurável em cada investimento, negócio e decisão política que tomamos. Na prática, adotar uma postura que guia, positivamente, o que ele chama de "coração invisível dos mercados". Tornar essa "mão invisível" um motor para garantir melhorias significativas na vida das pessoas, criando um futuro mais justo e próspero para todos, respeitando os limites planetários.

Na obra, Sir Cohen - que foi nomeado cavaleiro da Coroa Britânica por seu trabalho com capital de risco e pela atuação visionária na promoção dos investimentos de impacto social -  fala da importância de provocarmos uma reação em cadeia capaz de levar inovações às partes interessadas para que possamos enfrentar em larga escala os maiores desafios sociais e ambientais contemporâneos.

Sir Ronald Cohen. Foto: Minna Hemmila

A proposta que Sir Cohen traz, na obra, é um alinhamento entre o setor privado e o governo, que leve ambos a trabalharem em harmonia, mobilizando capital e potencial inovador para a solução de problemas que as nossas sociedades vivenciam. Longe de ser um discurso vazio de significado ou pouco pragmático, a obra mostra que essa mentalidade, a Revolução do Impacto, já está acontecendo; tem mudado economias e se tornado um motor poderoso para que o capital possa gerar impacto positivo e, ao mesmo tempo, promova rendimentos financeiros.

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Essa é, na percepção dele, uma das grandes marcas do século XXI, assim como a tecnologia foi do século XX. 

Um dos exemplos citados no livro é o do empresário Steve Case, que investiu US$ 30 milhões em um programa de refeições escolares que alimenta crianças em situação de vulnerabilidade social e econômica nos Estados Unidos e que alcançou rendimentos de US$ 150 milhões.

Como diz o autor, é possível "fazer o bem e se dar bem". A lógica é que os problemas sociais - crianças fora da escola, reincidência criminal, falta de saneamento, por exemplo - têm um custo para a sociedade e para os governos; enquanto isso, negócios e programas estruturados para minimizar ou erradicar esses desafios geram ganhos para ambos. Por que não, então, pagar dividendos aos fundos que investissem em tais iniciativas?

"As vidas de bilhões de pessoas dependem do sucesso dessa nova revolução, e posso dizer que a nossa sociedade nunca teve uma oportunidade tão tangível quanto agora para fazer a diferença de forma tão transformadora. E, cada um de nós tem um papel importante a desempenhar", afirma Sir Cohen, acrescentando que quando deixar o planeta não quer que seu epitáfio seja: 'criou investimentos com retorno de 30% anuais'. O propósito dele é bem maior!

Por fim - para além da indicação da leitura do livro, sobretudo pelos empreendedores de impacto social e ambiental - gostaria de destacar um trecho da obra que está em plena sintonia com o fazer do empreendedorismo de impacto: "[...] A humanidade conquistou, sem dúvida, progressos notáveis. Nós somos capazes de encontrar respostas acertadas, de fazer a transição para um novo sistema, que promova uma distribuição mais equânime de oportunidades e resultados e que proponha soluções eficazes para os nossos imensos desafios. Precisamos de um novo sistema em que, tanto por razões morais quanto por uma questão de prudência, o senso de propósito esteja à frente dos interesses individuais; em que a noção de contribuição goze de um status mais elevado do que o consumo por si mesmo; em que as empresas comprovem que a integridade social e ambiental são mais bem-sucedidas do que aquelas simplesmente voltadas ao lucro; e em que indivíduos e organizações sejam estimulados a encontrar realização, fazendo parte de algo que seja maior do que eles próprios, em vez de simplesmente se esforçarem para ganhar dinheiro...Esse novo sistema é o Capitalismo de Impacto".

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Opinião por Maure Pessanha
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