PUBLICIDADE

A aliados, Temer explica contexto de sua fala 'tem que manter isso, viu?'

Presidente se justifica dizendo que Joesley Batista havia afirmado que a família de Cunha passava por problemas

Por Carla Araujo e Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer (PMDB) justificou a aliados e auxiliares próximos o "contexto" de sua fala ao empresário da JBS Joesley Batista. Segundo fontes, nesta quarta-feira, 18, ao saber que havia sido gravado dizendo ao empresário que "tem que manter isso, viu?" em referência a uma ajuda pelo suposto silêncio de Eduardo Cunha, Temer justificou dizendo que, na conversa, Joesley afirmou que a família de Cunha estava passando por problemas.

Dono da JBS ainda afirma ter pago R$ 5 mi para ex-deputado, após prisão Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

PUBLICIDADE

"O presidente disse que ele (Joesley) veio falar de problemas e a certa altura mudou o tema e falou que Cunha estava passando por dificuldades", afirmou um interlocutor.

Segundo essa fonte, Temer afirmou então: 'Ai eu disse, tudo bem, faça isso, o que eu iria dizer? Que não? Não cabia, não podia, não tinha nada para falar", justificou Temer aos aliados.

Diante dessa defesa, feita na noite desta quarta-feira por Temer, aliados que passaram pelo seu gabinete defendiam que ele se pronunciasse e explicasse o contexto da fala.

Nesta quinta-feira, 18, em vídeo, coube ao líder do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), dizer que o governo exige que as delações de Joesley Batista sejam tornadas públicas.

"Mais uma vez o Brasil vive um momento em que é preciso ter muita responsabilidade e tranquilidade. Essas acusações que surgiram na imprensa precisam ser investigadas a fundo, por isso exigimos que imediatamente seja tornada pública, não só a delação, mas também as gravações que dizem existir acerca do presidente Michel Temer", afirmou.

Agenda cancelada. Temer bem que tentou, mas a estratégia definida na noite desta quarta de manter a "normalidade" e de "trabalhar normalmente" não resistiu às primeiras horas desta quinta-feira, com a operação da Polícia Federal que avançou com base nas declarações do executivo da JBS Joesley Batista.

Publicidade

Segundo fontes, desde quarta, Temer tinha a vontade de fazer uma fala, mas foi desaconselhado por seus auxiliares.

Temer chegou às 8h05 no Planalto e logo, segundo a assessoria de imprensa, iniciou a primeira agenda com o senador Sérgio Petecão (PSD), coordenador da bancada do Acre. A agenda divulgada à noite previa audiências a cada meia-hora, com pelo menos 19 parlamentares.

Por volta das 9h30, entretanto, quando os ministros da Casa, Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-geral da Presidência) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) chegaram ao Planalto, Temer decidiu cancelar os compromissos e se reuniu com o núcleo duro para avaliar a possibilidade de um pronunciamento.

O clima no Planalto nesta manhã segue tenso e auxiliares do presidente admitem que o "momento é delicado". Nos corredores, alguns resistem em falar na possibilidade de renúncia, mas admitem que está no radar "inevitavelmente".

Interlocutores também admitem que o impacto das acusações causará rachas na base aliada e comprometerão as reformas do governo. "A casa caiu", disse um auxiliar.