SÃO PAULO - Em entrevista nesta sexta-feira, 24, à TV Estadão, o músico e candidato do PC do B ao Senado por São Paulo, Netinho de Paula, admitiu a existência de problemas na prestação de contas do Instituto Casa da Gente, mas classificou o assunto como "um processo normal", ao qual todas entidades do gênero estão sujeitas. Fundada em 2001 por Netinho, a entidade contou com o prestígio do cantor para conseguir repasses de três ministérios, em valores que somados chegam R$ 590 mil. "As ONGs começaram há muito pouco tempo a ter acesso ao governo federal para receber recursos", justificou.
O governo federal cobra hoje do Instituto mais de R$ 790 mil em valores atualizados pela não-prestação de conta em convênios com os ministérios dos Esportes e da Cultura. Um terceiro, com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, também está irregular. O órgão, no entanto, não forneceu quanto a instituição teria de restituir aos cofres públicos para regularizar sua situação.
Segundo Netinho, sua atuação à frente da ONG terminou em 2004. O contrato firmado com o Ministério dos Esportes, porém, foi assinado pelo próprio candidato em fevereiro de 2005. "Desde 2004 não sou eu que respondo pela ONG. Tenho o maior carinho, um amor, porque foi a gente que fundou. Fomos um dos primeiros grupos musicais a fazer trabalho social no gueto, na comunidade. Ali é nossa Cohab, é onde a gente gosta", disse. Ao ser questionado sobre a situação dos convênios, Netinho afirmou que a entidade está trabalhando para regularizar sua situação.
Assim como o Ministério da Cultura e a Secretaria da Igualdade Racial, Netinho atribuiu a não-prestação a um assalto. "Roubaram documentos. Esses documentos serviriam para comprovar o que foi feito", disse.
Ele procurou defender a atuação da entidade. "A ONG presta um trabalho maravilhoso para Carapicuíba. Foi por isso que o governo federal resolveu, fazer as ações lá, com grandes projetos."