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Agente penal que matou petista recebe alta e vai para a prisão domiciliar

Justiça havia negado por duas vezes o pedido da defesa, mas cedeu após Complexo Médico-Penal, em Pinhais (PR), informar que não tinha condições de cuidar do réu por assassinato

Por Bruno Zanette e Isabella Alonso Panho
Atualização:

FOZ DO IGUAÇU (PR) – O agente penal federal Jorge Guaranho será transferido para casa depois de receber alta médica. Ele seria transferido para o Complexo Médico Penal, na cidade de Pinhais, região metropolitana de Curitiba, mas após duas negativas da Justiça, o juiz do caso atendeu a um pedido da direção da cadeia que informou não ter condições de cuidar do agente penal. Ele é réu no assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, ocorrido no dia 9 de julho em Foz do Iguaçu (PR).

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Guaranho recebeu alta nesta quarta do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, onde estava internado em Foz, sob custódia policial, por estar em prisão preventiva decretada pela Justiça. O juiz da 3.ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, Gustavo Arguello, negou por duas vezes o pedido de prisão domiciliar feito pela defesa de Guaranho, alegando cuidados especiais aos quais o cliente ainda necessita durante a recuperação. O ofício do complexo dizendo que não tinha condições de cuidar do agente penal veio no começo da noite, assim como a decisão do juiz.

Entre os argumentos relatados para negar a prisão domiciliar estavam a de que o réu possui personalidade “conflituosa, beligerante e intolerante”. Além disso, o assassinato ocorrido em ano eleitoral contrapõe a liberdade de escolha na hora do voto. O magistrado ainda argumentou, dizendo que o fato de Jorge atirar diversas vezes “indica audácia do agente e desconsideração com a vida das vítimas secundárias”.

Jorge Guaranho foi denunciado por homicídio duplamente qualificado, por motivação fútil e por colocar em risco a vida das pessoas. De acordo com os promotores Luiz Marcelo Mafra e Tiago Lisboa, embora não haja embasamento jurídico para qualificar o crime como político, a motivação dele se deu por divergências político-partidárias.

Na manhã desta quarta, antes de Guaranho receber alta, familiares e amigos de Marcelo Arruda realizaram um protesto pacífico em frente ao hospital. Entre os manifestantes estavam a companheira de Marcelo, Pamela Suellen Silva e o filho mais velho do guarda municipal, Leonardo, de 26 anos. Eles carregavam cartazes que lembravam 1 mês do assassinato e pediam por justiça.

Familiares e amigos de Marcelo Arruda realizaram um protesto pacífico em frente ao hospital Foto: Arquivo pessoal

Na noite de 9 de julho, Guaranho assumidamente apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi até a festa de aniversário de 50 anos de Marcelo Arruda, decorada com as cores do Partido dos Trabalhadores (PT) e com fotos do ex-presidente Lula. O policial penal chegou em um carro, com a esposa e o filho de três meses no banco de trás, tocando em volume alto no rádio do veículo uma música da campanha de Bolsonaro nas eleições de 2018 e gritando palavras como “Mito” e “Aqui é Bolsonaro”.

Após desentendimentos e fragmentos de terra jogados por Marcelo no veículo, Guaranho saiu e retornou poucos minutos depois, já com a intenção de matar Marcelo Arruda, que revidou acertando entre quatro a seis tiros. Após cair no chão, Guaranho também recebeu aproximadamente 20 chutes de convidados que retornaram para a festa, conforme imagens das câmeras de segurança do local. Essas pessoas estão sendo investigadas em um inquérito separado.

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O Complexo Médico Penal para o qual Jorge Guaranho será transferido, também recebeu presos da Operação Lava-Jato. A reportagem entrou em contato com a defesa do policial penal, mas não teve retorno.

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