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Alexandre manda PF apreender passaporte e armas de Bolsonaro

Na operação realizada nesta quarta-feira, 3, durante buscas na residência do ex-presidente em Brasília, agentes federais confiscaram seu celular; ministro manda estender buscas a ‘quartos de hotéis e motéis’

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Por , Pepita Ortega , Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:
PF fez buscas na casa de Bolsonaro em investigação sobre falsificação de dados de vacinação da covid-19 (AP Photo/Eraldo Peres) Foto: Eraldo Peres/AP

Ao autorizar a Operação Venire, que investiga a falsificação de dados de vacinação da covid-19 no sistema do Ministério da Saúde, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou a Polícia Federal (PF) apreender armas e o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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A PF fez buscas na casa do ex-presidente, em Brasília, nesta quarta-feira, 3, onde apreendeu o celular dele. O Estadão apurou que o passaporte e as armas não foram encontradas. Bolsonaro voltou ao Brasil no final de março, depois de passar três meses nos Estados Unidos.

A decisão de Moraes estende as buscas a ‘endereços contíguos’, incluindo ‘quartos de hotéis, motéis e outras hospedagens temporárias onde os investigados tenham se instalado’. O ministro autoriza ainda o acesso a dados armazenados em nuvem.

Além do ex-presidente, a PF investiga assessores de Bolsonaro e ex-servidores do governo. Um deles é o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens presidencial, que foi preso preventivamente. Com ele, os policiais apreenderam armas, além de U$S 35 mil e R$ 16 mil em dinheiro vivo.

A investigação aponta que o certificado de vacinação de Bolsonaro e da filha dele, Laura, de 12 anos, teriam sido falsificados para inclusão de vacinas contra a covid-19. O objetivo seria facilitar viagens internacionais. O comprovante de imunização passou a ser exigido no auge da pandemia.

Moraes também determinou que a PF ouça os profissionais de saúde que constam como tendo aplicado as doses de vacina no ex-presidente. Bolsonaro voltou a dizer nesta quarta que não foi imunizado contra a covid-19.

Entenda

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A Polícia Federal investiga indícios de um esquema de falsificação de carteiras de vacinação contra a covid-19. A suspeita é que as informações cadastradas nos sistemas do Ministério da Saúde tenham sido fraudadas para emitir certificados de imunização em nome de pessoas que não foram efetivamente vacinadas.

O objetivo, segundo o inquérito, seria burlar a exigência do comprovante de vacinação para viagens internacionais. As restrições sanitárias entraram em vigor no auge da pandemia.

Os investigadores afirmam que os certificados de vacinação do ex-presidente e da filha dele teriam sido adulterados às vésperas das viagens da família aos Estados Unidos, em dezembro do ano passado, após a derrota eleitoral.

As fraudes teriam sido operadas a partir da prefeitura de Duque de Caxias (RJ), com a ajuda de uma servidora municipal e de políticos locais. Assessores de Bolsonaro também são investigados.

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Segundo a PF, os dados falsos foram incluídos no sistema integrado do Ministério da Saúde e, depois que os certificados de vacinação foram gerados por meio do aplicativo ConecteSUS, as informações foram excluídas para não deixar ‘rastros’.

COM A PALAVRA, O EX-PRESIDENTE JAIR BOLSONARO

“A defesa do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, reitera que este, em linha com a posição que sempre manteve, nunca recebeu qualquer imunizante contra covid-19. Na constância de seu mandato somente ingressou em países estrangeiros que aceitassem tal condição ou se dessem por satisfeitos com a realização de teste viral, procedimento adotado em diversas ocasiões. A ex-primeira-dama, Dona Michelle, conforme amplamente divulgado, foi vacinada, com imunizante de dose única, no ano de 2021. A filha menor do casal, por sua vez, foi proibida de receber qualquer imunizante em razão de comorbidades preexistentes, situação sempre e devidamente atestada por médicos. A contrario sensu do quanto amplamente noticiado na data de hoje, não haveria qualquer motivo para que o Ex-Presidente promovesse ou determinasse a confecção de certificados falsos.”

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Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Bettamio Tesser e Fábio Wajngarten

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