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Fiesp divulga nota em defesa da liberdade de expressão após operação da PF contra bolsonaristas

Há irritação entre alguns industriais com o ministro Alexandre de Moraes, que autorizou operação da PF contra empresários bolsonaristas que trocaram mensagens de cunho golpista

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Foto do author Beatriz Bulla
Foto do author Fernando Scheller
Por Beatriz Bulla e Fernando Scheller
Atualização:

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nesta quinta-feira, 25, nota em que manifesta posicionamento em defesa da liberdade de expressão. A iniciativa acontece depois de a entidade ter recebido críticas de integrantes do setor industrial por ter articulado o manifesto em defesa da democracia, que representava apoio do empresariado aos tribunais superiores.

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Há irritação entre alguns industriais com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação da Polícia Federal contra empresários bolsonaristas que, em um grupo de WhastApp, defenderam um golpe de estado no caso de eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na terça-feira, em evento de campanha, o presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou: “cadê a turma da cartinha pela democracia?”, ao alegar que a operação que atingiu empresários bolsonaristas era antidemocrática.

Jair Bolsonaro discursa em Belo Horizonte; em campanha na capital mineira, presidente cobrou 'turma da cartinha' após operação da PF contra empresários bolsonaristas Foto: Douglas Magno/AFP - 24/08/2022

Diante dos questionamentos - não só de Bolsonaro e seus aliados políticos, como de parcela do empresariado -, a Fiesp decidiu marcar posição e falar em nota o que, na visão de alguns dentro da entidade, seria óbvio: a defesa da democracia abarca a defesa da liberdade de expressão.

A opção da Fiesp em defender a liberdade de expressão responde aos críticos que reclamavam do silêncio da entidade, que recentemente foi protagonista da defesa da democracia e dos tribunais superiores. Não há, no entanto, nenhuma crítica direta ou indireta ao STF e a Moraes no texto.

A Federação decidiu pura e simplesmente informar que entende que a defesa da democracia por si só traz implícita a defesa da liberdade de expressão. O movimento pretende silenciar críticos, sem atacar o Judiciário.

“Na defesa do Estado Democrático de Direito feita pela Fiesp e outras entidades, está implícita, obviamente, a defesa de todos os seus pilares, o que inclui a liberdade de expressão e de opinião e imprensa livre”, diz a sucinta nota da instituição. “Esses são valores inegociáveis”, diz a entidade ao encerrar a nota.

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Os líderes de sindicatos patronais de diferentes setores da indústria dizem que não têm sido consultados pela Fiesp na hora da divulgação de manifestos – seja no que apoiou a democracia, semanas atrás, seja no relacionado à liberdade de expressão, ontem. “Não fui consultado”, limitou-se a dizer José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast, que reúne as indústrias de materiais plásticos. “Nem no manifesto pela democracia nem neste, agora.”

O Estadão conversou com outros líderes de sindicatos patronais que afirmaram que não existe diálogo entre as decisões tomadas de forma institucional pela Fiesp e a “base” de cada segmento da indústria. Um dos representantes setoriais afirmou à reportagem que só encontrou com o atual presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, uma única vez. “Ele não me cumprimentou e eu também não cumprimentei ele”, disse.

Procurada, a Fiesp disse que não iria se manifestar sobre as críticas.

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