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‘Padre Júlio Lancellotti não é ONG e não recebe dinheiro público’, diz arcebispo de SP sobre CPI

Assessoria da arquidiocese da capital diz que arcebispo de São Paulo esteve em ligação com prefeito Ricardo Nunes e que conversa teve como tema preocupações com imagem da cidade e da Câmara Municipal com instalação da comissão

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Por Karina Ferreira
Atualização:

O arcebispo de São Paulo Dom Odilo Scherer criticou a intenção da Câmara de São Paulo de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que terá como um dos alvos o padre Júlio Lancellotti. No seu perfil no X (antigo Twitter), o arcebispo disse que não quer “‘abafar coisa nenhuma”, referindo-se à possível instalação do colegiado. “Querem fazer a ‘CPI das ONGs’? Pois façam!”, escreveu em seu perfil na manhã desta sexta-feira, 5.

A resposta do religioso, segundo assessoria da Arquidiocese, foi à acusação de ter feito uma ligação ao prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), solicitando que a CPI não fosse instalada. A entidade disse ao Estadão que a ligação realmente ocorreu, mas que o arcebispo não pediu que a investigação não fosse iniciada. A conversa, ainda conforme a instituição, foi em torno de preocupações do religioso com possíveis prejuízos à imagem de São Paulo e da Câmara Municipal com a polêmica envolvendo a CPI.

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A assessoria não soube informar quem teria ligado a quem, se Dom Odilo a Ricardo Nunes, ou o contrário. O arcebispo está em viagem durante recesso.

Na publicação desta sexta, Dom Odilo questionou as motivações da CPI em “mirar” no trabalho do padre Júlio Lancellotti. Segundo o arcebispo, o padre faz seu trabalho em nome da Arquidiocese, que não é uma organização não-governamental (ONG) e não recebe dinheiro público.

“Pq mirar no trabalho do Pe Júlio, q ñ é ONG, ñ tem ONG e ñ recebe dinheiro público p/ seu trabalho? Pe Júlio faz seu trabalho em nome da arquidiocese de SP, q também ñ é ONG e ñ recebe $ público”, disse.

O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer Foto: Paulo Liebert/Estadão

A assessoria de Nunes disse não confirmar a ligação, mas reforçou nota anterior, em que diz que o prefeito não interfere em decisões da Câmara, “procurando manter de forma transparente a independência entre o Executivo e o Legislativo”.

A CPI que pretende investigar a atuação de ONGs na Cracolândia, no centro de São Paulo, é proposta do vereador Rubinho Nunes (União). O documento, entretanto, não cita o nome de padre Júlio, o que causou a retirada do apoio de vereadores que assinaram pela abertura da CPI e se dizem enganados e surpresos com o direcionamento que o caso tomou.

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A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. “Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque desonesto contra A Craco Resiste”, declarou a entidade em nota divulgada nas redes sociais.

A reportagem não conseguiu contato com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, também mencionada por Rubinho.

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