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Ato pela democracia reúne 8 mil pessoas e é marcado por encontro de gerações em SP

Adolescentes se juntaram a idosos que participaram de manifestações na década de 1970 contra a ditadura militar

Foto do author Ítalo Lo Re
Foto do author Wesley Gonsalves
Por Ítalo Lo Re e Wesley Gonsalves
Atualização:

O ato pela democracia realizado nesta quinta-feira, 11, foi marcado pelo encontro de gerações nas ruas de São Paulo. Quando estudantes secundaristas – a maioria com, no máximo, 17 anos – chegaram ao Largo de São Francisco por volta de 11h, encontraram manifestantes de diferentes faixas etárias. Aproximadamente 8 mil pessoas acompanharam o ato do lado de fora da Faculdade de Direito da USP. Dentro, estavam cerca de 600 pessoas, entre intelectuais, políticos, artistas e líderes de movimentos sociais.

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Presentes em 1975 na missa em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, morto durante a ditadura militar, o casal de aposentados José Cordeiro y Almendro Filho, de 82 anos, e Maria Silvia Mariutti, de 71 anos, disse ter se sentido na obrigação de comparecer ao Largo de São Francisco nesta quinta-feira. “Não estamos numa ditadura (como em 1975), mas corremos o risco de perder nossa democracia”, disse Maria Silvia.

Quando os estudantes chegaram da caminhada feita a partir da Avenida Paulista, Maria Silva saudou a presença deles e chegou a ajudar que agitassem um bandeirão da União Nacional dos Estudantes (UNE). “A gente quer estar do lado certo da história. A democracia não é nem de esquerda nem de direita, a democracia é uma coisa mágica”, disse ela. No peito, um adesivo escrito “Ciência não é gasto, é investimento”.

José Cordeiro y Almendro Filho e Maria Silvia Mariutt foram à manifestação no Largo de São Francisco Foto: ÍTALO LO RE/ESTADÃO

Moradora da região do Morumbi, zona oeste de São Paulo, a professora aposentada Sueli Camargo, de 76 anos, saiu de casa de metrô nesta quinta-feira para comparecer ao ato no centro. “Lutei contra a ditadura, fui ativa, e acho que estamos em um momento muito difícil hoje no mundo e no Brasil principalmente”, disse. Ela conta ter participado dos atos de 1977 como estudante de Psicologia.

Aluna de Ensino Médio em uma escola da rede pública, Milayne da Rocha, de 17 anos, conta ter saído de Barueri, na Grande São Paulo, por volta de 7h. Ela e uma amiga pegaram um trem até Carapicuíba e, lá, encontraram um ônibus fretado pelo Coletivo Juntos, do qual participam. Dentro do ônibus fretado pelo coletivo, que levou os cerca de 30 estudantes até o local, Milayne conta que os manifestantes conversaram desde a importância da carta até o engajamento de figuras públicas, como a cantora Anitta. “É uma figura do pop que tem muita importância para a juventude. Então, os posicionamentos dela são, sim, levados em consideração.”

‘Área vip’

A sacada da Faculdade de Direito da USP virou uma espécie de “área vip” para acompanhar os atos em defesa à democracia. Em baixo da faixa “Estado de direito sempre”, nomes como a cantora Daniela Mercury, sua esposa, Malu Verçosa, e o jornalista Chico Pinheiro assistiam aos discursos direcionados ao povo na rua. Professores da USP, nomes do mercado financeiro, políticos como o ex-ministro Aloizio Mercadante, Joice Hasselmann, Marina Silva e Guilherme Boulos eram alguns dos presentes na área onde foram feitos os discursos para o público geral.

A deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP) marcou presença no evento. “Esse é um momento de resgata da nossa democracia, algo que lutamos muito para conquistar”, disse.

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Ex-aliada de Jair Bolsonaro (PL), a deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP) disse que chegou a fazer contato com outros políticos da centro-direita para apoiar o ato, mas teve poucas respostas. “Acho que eu sou uma das poucas representantes desse grupo hoje aqui”, disse.

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