PUBLICIDADE

Barroso diz que STF tem que ser menos proeminente, mas antes é preciso processar quem tentou o golpe

Em evento em Boston, nos Estados Unidos, ministro do STF também disse que democracia brasileira ficou por ‘um triz’

Foto do author Weslley Galzo
Foto do author Tácio Lorran
Por Weslley Galzo e Tácio Lorran
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A CAMBRIDGE (EUA) - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou neste sábado, 6, que a Corte precisa ser “menos proeminente”, mas antes é preciso processar quem tentou o golpe de Estado.

PUBLICIDADE

“Acho que precisamos voltar a um tribunal que seja menos proeminente, mas não podemos fingir que essas coisas [tentativa de um golpe de Estado] não aconteceram. Se não processarmos a tentativa de golpe e as pessoas que invadiram esses prédios do Congresso, da próxima vez todo mundo vai achar que pode fazer a mesma coisa”, disse o magistrado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), generais das Forças Armadas e ex-ministros de Estado são investigados pela Polícia Federal por uma tentativa de golpe. O grupo teria formulado documentos para anular o resultado das eleições de 2022, decretar um Estado de Sítio no País e prender ministros da Suprema Corte.

Barro2 - BRAZIL CONFERENCE - NACIONAL - Reprodução de video do Ministro do STF, Luis Roberto Barroso, participando da 10a. edição da Brazil Conference em Harvard e MIT, em Boston. Foto Brazil Conference via Youtube Foto: Brazil Conference/Youtube

Barroso participa da 10º edição da Brazil Conference, realizado durante este fim de semana na Universidade Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Além do presidente do STF, o evento contará com a participação do procurador-Geral da República, Paulo Gonet, e do ministro Luiz Fux, além de ministros de Estado, governadores e deputados brasileiros.

A participação de Barroso foi acompanhada pelo professor de Harvard Steven Levitsky, que é autor do livro “Como as Democracias Morrem”.

Ao citar os ataques do dia 8 de Janeiro e as investidas golpistas do governo Bolsonaro, Barroso disse que a democracia brasileira ficou “por um triz”. “Estávamos mais próximos ao colapso do que achávamos. Estamos contatando isso agora”. Ele também disse que as Forças Armadas usaram o assento na Comissão de Transparência das Eleições do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para desacreditar o sistema.

“Tivemos repetidas acusações de fraudes eleitoral não comprovadas, a politização das Forças Armadas, o que na América Latina é a maior ameaça possível para a democracia, tivemos o não reconhecimento do resultado eleitoral, tivemos um incentivo aos acampamentos nas portas dos quartéis, tivemos desfile de tanque na Praça dos Três Poderes no dia de uma votação importante, tivemos ataques ao Supremo, ataques à imprensa e depois tivemos o 8 de janeiro”, elencou Barroso.

Publicidade

Na conversa com Levitsky, o presidente do STF também disse que o “populismo autoritário” cresceu devido a falhas na democracia. “O populismo autoritário floriu devido ao fracasso da própria democracia também, em razão das promessas não cumpridas”, assinalou, ao citar, como exemplo, as altas taxas de criminalidades do País que hoje são usadas por expoentes da extrema-direita para “amedrontar” a população.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.