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Defesa de suspeito de hostilizar Moraes em Roma diz que relatório da PF contém ‘ilações criativas’

Criminalista Ralph Tortima Filho repudia o fato de a ‘análise das imagens’ do aeroporto italiano ter sido realizada por um agente federal, não por peritos, como é praxe; ‘evidente tratar-se de uma investigação que tem lado’

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Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Fausto Macedo
Por Pepita Ortega e Fausto Macedo
Atualização:
Trecho do relatório de análise da PF sobre câmeras de segurança do Aeroporto de Fiumicino Foto: Polícia Federal/Reproduç

O criminalista Ralph Tortima Filho, que representa o empresário Roberto Mantovani Filho - suspeito de hostilizar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, no Aeroporto Internacional de Roma no dia 14 de julho -, repudiou o fato de a análise das imagens do entrevero ter sido realizada por um agente da Polícia Federal e não por peritos do Instituto Nacional de Criminalística, que é a praxe.

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Nesta quinta, 5, Tortima Filho se insurgiu ante o fato de a íntegra do vídeo cedido pelas autoridades romanas ao Ministério da Justiça brasileiro permanecer sob sigilo - ao mesmo tempo em que foi liberada a divulgação de relatório denominado ‘análise de imagens da sala de embarque do aeroporto’.

O documento, de 51 páginas, exibe cenas parciais do atrito em Roma, espelhadas em sequência. O relatório da PF diz que ‘aparentemente’ Roberto Mantovani ‘bateu com hostilidade’ no rosto do filho do ministro, Alexandre Barci.

“Causa estranheza o fato de ser decretado o sigilo das imagens do aeroporto na Itália e, na mesma decisão, ser baixado o sigilo dos autos, de sorte a que um relatório, feito por um agente da Polícia Federal, não por peritos, seja devassado com parte dessas mesmas imagens, com ilações extremamente tendenciosas, no mínimo criativas”, reagiu Tortima Filho.

O Instituto Nacional de Criminalística, braço da própria Polícia Federal, é reconhecido como um núcleo de peritos de alta qualificação. Investigadores ouvidos pelo Estadão informaram que o vídeo do aeroporto de Roma não passou pelo crivo da perícia.

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A ‘análise de imagens’ foi feita pelo agente federal classe especial Clésio Leão de Carvalho.

A defesa de Mantovani afirma que não teve acesso ao vídeo por completo. “Se as imagens captadas no aeroporto são sigilosas, o relatório que as revela de forma seletiva também deveria ser, por evidente”, segue o advogado.

Para Ralph Tortima Filho, ‘a impressão que fica é a de que o sigilo serve aos interesses de apenas uma das partes, com a utilização de imagens escolhidas a dedo, impedindo que a integralidade delas seja de conhecimento público’.

“Fica muito evidente tratar-se de uma investigação que tem lado e que é nitidamente direcionada”, afirma.

O advogado Ralph Tórtima. Foto: CLAUDIO CORADINI / ESTADÃO

Vídeo

Nesta quinta-feira, 5, Ralph Tórtima Filho anexou aos autos do inquérito um novo pedido para juntar à investigação um vídeo gravado pelo celular de Alex Zanatta Bignotto, genro de Mantovani. O advogado apresentou a solicitação acompanhada de um parecer subscrito pelo professor da Unicamp Ricardo Molina de Figueiredo.

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Segundo Tórtima, o ‘único momento em que o ministro Alexandre se encontra presente e próximo dos investigados, nenhuma ofensa é a ele direcionada’.

O laudo assinado por Molina de Figueiredo foi elaborado para tratar da ‘integridade da gravação’, transcrever as falas contidas no vídeo e responder perguntas específicas feitas por Tórtima. O parecer diz que, em determinado momento do vídeo, Alexandre aponta o dedo para Alex e ‘diz “bandido”'.

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