Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Fausto Macedo e Julia Affonso
A força-tarefa da Operação Lava Jato ouviu nesta quarta-feira, 11, em Curitiba, mais depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef em aditamento à delação premiada que ambos fizeram com o Ministério Público Federal.
Dois subprocuradores da Procuradoria-Geral da República, que integram o grupo criado pelo procurador-geral Rodrigo Janot para as investigações da Lava Jato envolvendo políticos, levaram para os interrogatórios parte dos documentos trazidos da Suíça, referente às contas usadas para movimentação da propina.
Costa e Youssef foram ouvidos a pedido de Janot, que solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para fazer um aditamento das delações premiadas dos dois réus da Lava Jato.
O objetivo foi obter mais detalhes sobre a relação entre os executivos do cartel formado por 16 das maiores empreiteiras do País - entre elas Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e OAS, segundo o Ministério Público Federal - e os políticos que teriam sido beneficiados no esquema de corrupção, fraudes em licitação e lavagem de dinheiro envolvendo contratos da Petrobrás.
Os investigadores da Lava Jato questionaram os delatores também sobre o pagamento de propina e o envolvimento de políticos em contratos com a BR Distribuidora. A subsidiária da Petrobrás é um dos novos alvos das investigações.
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A Lava Jato investiga a atuação de um dos operadores na Diretoria de Serviços da Petrobrás, Mário Goes, também como movimentador de propina na BR Distribuidora em contratos com a empresa Arxo, de Santa Catarina.
Paulo Roberto Costa, que foi preso em março de 2014, cumpre prisão domiciliar em sua residência no Rio de Janeiro, desde outubro. Ele foi levado pela Polícia Federal para Curitiba e foi ouvido pela Lava Jato na sede da força-tarefa do MPF, pela manhã desta quarta-feira.
O doleiro Alberto Youssef, que está preso na carceragem da Superintendência da PF, em Curitiba, foi ouvido durante a tarde, no local.
Foro privilegiado. Os novos depoimentos dos delatores foi pedido pelo chefe do Ministério Público e autorizados pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. O objetivo é obter mais detalhes sobre o envolvimento de políticos que detêm prerrogativa de foro perante o STF.
Na primeira etapa de sua delação premiada, entre agosto e setembro, Costa apontou os nomes de 28 políticos, entre deputados, senadores, ex-governador e até governador, como supostos beneficiários de repasses de valores desviados de contratos da Diretoria de Abastecimento.