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Dilma diz que Palocci é mentiroso

Ex-presidente reage às denúncias de seu ex-ministro e afirma que a empreiteira Odebrecht pagou 300% a mais pelo direito de explorar o aeroporto do Galeão

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Dilma Rousseff e Antonio Palocci. Foto: André Dusek / Estadão

A ex-presidente Dilma declarou nesta quinta-feira, 7, que o relato do ex-ministro Antônio Palocci (Casa Civil e Fazenda/Governos Lula e Dilma) 'é uma ficção'.

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Em nota, a petista reagiu enfaticamente às acusações de Palocci, interrogado na quarta, 6, pelo juiz federal Sérgio Moro na ação penal em que é réu ao lado do ex-presidente Lula no episódio da compra de um terreno que abrigaria a sede do Instituto Lula.

Palocci fez revelações sobre o que chamou de 'pacto de sangue' por meio do qual a Odebrecht aceitou repassar R$ 300 milhões para o PT e para o próprio Lula. Em troca, a empreiteira seria favorecida nos governos Lula e Dilma.

Por meio de sua Assessoria de Imprensa, Dilma partiu para o ataque. "O sr Antonio Palocci falta com a verdade quando aponta o envolvimento de Dilma Rousseff em supostas reuniões de governo para tratar de facilidades à empresa Odebrecht, seja durante o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou no primeiro governo dela. Tais encontros ou tratativas relatadas pelo ex-ministro jamais ocorreram. Relatos de repasses de propinas também são uma mentira."

Segundo Dilma, todo o conteúdo das supostas conversas descritas por Palocci com sua participação - mesmo quando ela assumiu a Presidência - 'é uma ficção'. "Esta é uma estratégia adotada pelo delator em busca de benefícios da delação premiada."

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"O episódio em que cita um inacreditável benefício à Odebrecht pelo governo Dilma Rousseff, durante o processo de concessões de aeroportos, mostra que o sr Antonio Palocci mente", assinala a nota.

"O ex-ministro declarou perante a Justiça Federal que a decisão do governo Dilma de não permitir que um consórcio ou empresa ganhasse mais de um aeroporto foi criada pela presidenta eleita para beneficiar diretamente a Odebrecht. Isso é uma mentira!"

Dilma esclareceu que a decisão foi tomada pelo governo para 'gerar concorrência entre as empresas concessionárias de aeroportos'.

"Buscou-se evitar que, caso uma empresa tivesse a concessão de dois aeroportos, priorizasse um em detrimento do outro. O governo Dilma buscava atrair mais empresas para participar do sistema aeroportuário, garantindo que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), como órgão regulador, tivesse mais parâmetros para atuar. Mais concorrência, menos concentração."

O texto divulgado pela assessoria de Dilma aponta 'um fato que desmascara as mentiras de Palocci'.

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A Odebrecht, que ganhou a disputa junto com o grupo Changi, pagou R$ 19,018 bilhões pela outorga do Galeão. "Sem dúvida, é a maior outorga paga por aeroportos no Brasil, o que afasta a acusação de beneficiamento indevido declarada por Palocci."

A ex-presidente divulgou um quadro 'que demonstra que a Odebrecht foi responsável pela maior outorga paga ao Governo para o direito de explorar apenas um dos seis aeroportos cujas concessões foram feitas pelo governo Dilma':

CONCESSÕES DE AEROPORTOS NO GOVERNO DILMA

São Gonçalo do Amarante, Natal (RN) Grupo vencedor: Consórcio InfrAmerica - Infravix (50%) + Corporación America (50%) Estimativa de investimentos: R$ 650 milhões Outorga: R$ 170 milhões

Guarulhos Grupo vencedor: Invepar (90%) + ACSA (10%) Estimativa de investimentos: R$ 4,6 bilhões Outorga: R$ 16,213 bilhões

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Viracopos Grupo vencedor: Consórcio Aeroportos Brasil - Triunfo (45%) + UTC (45%) + Egis (10%) Estimativa de investimentos: R$ 8,7 bilhões Outorga: R$ 3,821 bilhões

Brasília Grupo vencedor: Consórcio InfrAmerica - Infravix (50%) + Corporación America (50%) Estimativa de Investimentos: R$ 2,8 bilhões Outorga: R$ 4,501 bilhões

Galeão Grupo vencedor: Odebrecht (60%) + CHANGI (40%) Estimativa de investimentos: R$ 5,65 bilhões Outorga: R$ 19,018 bilhões

Confins Grupo vencedor: CCR (75%) + Munich/Zurich (25%) Estimativa de investimentos: R$ 3,5 bilhões Outorga: R$ 1,1 bilhão_

"Eis os fatos", segue a nota de Dilma. "A ficção criada pelo sr Antonio Palocci não se sustenta. A Odebrecht pagou 300% a mais pelo direito de explorar o aeroporto do Galeão. Nenhuma empresa desembolsou tanto. Que benefício ela obteria do governo Dilma Rousseff pagando a mais? Qual a lógica que sustenta o relato absurdo do ex-ministro?"

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Ao final da nota, Dilma faz considerações sobre a delação premiada. "A lógica que move o sr Antonio Palocci é a mesma que acomete outros delatores presos por longos períodos. A colaboração implorada é o esforço de sobrevivência e a busca por liberdade. Isso não significa que se amparem em fatos e na verdade. É um recurso desesperado para se livrar da prisão. Em outros períodos da história do Brasil, os métodos de confissão eram mais cruéis, mas não menos invasivos e implacáveis."

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