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Diretora da H.Stern relata à PF que ia à casa de Cabral levar jóias pagas com dinheiro vivo

Em depoimento, Maria Luiza Trotta declarou que ex-governador do Rio e sua mulher 'selecionavam' anéis de brilhantes e pedras preciosas; valores de até R$ 100 mil eram repassados à loja em Ipanema por 'homem da mala' do peemedebista, Carlos Miranda

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Fausto Macedo , Mateus Coutinho e Ricardo Brandt
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O ex-governador do Rio Sérgio Cabral e a mulher Adriana Ancelmo em viagem pela Europa. Foto: Reprodução/Blog do Garotinho

A diretora comercial da H.Stern, Maria Luiza Trotta, afirmou em depoimento à Polícia Federal que levava joias, anéis de brilhante e pedras preciosas, na residência de Sérgio Cabral (PMDB), para que o ex-governador e sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo, fizessem uma 'seleção' da peça a ser escolhida. Segundo ela, os pagamentos era feitos em dinheiro vivo.

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"Chegou a vender jóias no valor de até R$ 100 mil a Sérgio Cabral, tais como anéis de brilhante ou outros tipos de pedras preciosas, sendo o pagamento ainda que em tais quantias realizado em dinheiro", afirmou Maria Luiza Trotta, que declarou trabalhar na HStern há 34 anos.

O depoimento da diretora da joalheria foi prestado em 17 de novembro, dia da deflagração da Operação Calicute, que prendeu Sérgio Cabral preventivamente. O ex-governador está em Bangu 8.

No mesmo dia, Sérgio Cabral também prestou depoimento à PF e afirmou categoricamente que 'não se lembrava' de ter adquirido joias.

De acordo com a diretora, o dinheiro em espécie era levado a uma loja da joalheria, em Ipanema, por Carlos Miranda - apontado pela Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato, como o 'homem da mala' de Sérgio Cabral. 
 

A testemunha revelou à PF que passou a atender 'pessoalmente' o peemedebista quando ele ainda estava no comando do Governo do Rio, em 2013. Sérgio Cabral foi governador em dois mandatos, entre 2007 e 2014.

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"Os atendimentos feitos pela declarante a Sérgio Cabral sempre foram feitos no interior da residência deste; que, os atendimentos eram agendados com a declarante por Carlos Miranda ou algum outro/a secretário/a de Sérgio Cabral; que, a declarante então, nesses encontros na casa de Sérgio Cabral levava joias de amostragem, as quais eram selecionadas ou não pelo próprio Sérgio Cabral ou por sua esposa", contou a diretor da H.Stern.

Segundo Maria Luiz Trotta, o ex-assessor de Sérgio Cabral 'ou outros portadores não identificados do dinheiro em espécie eram dirigidos à tesouraria'. A diretora não soube informar sobre a emissão de notas fiscais.

"Todas as joias tinham certificados que eram entregues a Sérgio Cabral e/ou esposa, sendo certo que a empresa não guarda cópia de tais certificados por questão de confidencialidade", declarou.

A PF exigiu de Luiza Trotta em 24 horas 'todas as cópias de notas ficais de venda realizadas entre H. Stern e Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo'.

A diretora informou que Carlos Bezerra, a quem a PF atribui o papel de operador de propinas de Cabral, pode ter atuado 'como portador de valores de pagamentos de joias compradas pelo ex-governador'.

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Em depoimento à PF, no dia em que foi preso, Sérgio Cabral declarou que 'não se recorda' das compras das joias. O peemedebista se disse também 'indignado' com as 'mentiras' dos delatores que afirmaram ter pago propinas a ele e seus aliados referentes às grandes obras do governo do Rio.

A assessoria da H. Stern informou que a empresa não vai comentar o caso.

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