Conversas e fotos obtidas pelo Ministério Público do Rio, às quais o Estadão teve acesso, indicam que Fabrício Queiroz levava uma vida ativa na casa de Atibaia em que foi preso na manhã de ontem. Vestindo uma camisa do Vasco, time de coração dele e de Flávio Bolsonaro, o suposto operador financeiro do esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio aparece em uma imagem comandando um churrasco no quintal da residência de Frederick Wassef.
Em mensagem enviada à mulher no dia 8 de dezembro do ano passado, a foragida Márcia Oliveira Aguiar, ele comenta que teve um momento 'muito bom' no dia anterior, com comemoração do rebaixamento do Cruzeiro para a série B, cerveja Corona 'com limãozinho' e a presença de 'amiguinhas' de seu filho Felipe.
"Até que enfim, hein mulher. Acordou, hein. Devia ter tomado todas ontem. Felipe arrumou umas 'amiguinhas' aqui. Nós então fizemos um churrasquinho aqui. Umas garotinhas 'bacaninhas' e vimos o Cruzeiro ser rebaixado... o Cruzeiro ser rebaixado tomando uma Corona aqui com limãozinho... Muito bom!", disse Queiroz.
Para os investigadores, diversos relatos da permanência do ex-assessor de Flávio em Atibaia mostram que ele tinha uma vida confortável e ativa, aparentando estar saudável - sem restrições a álcool e carne, por exemplo. Queiroz passou pelo tratamento de um câncer, e a doença sempre foi citada por sua defesa como argumento para evitar depoimentos presenciais à Promotoria do Rio.
Os promotores também afirmam que havia uma 'complexa rotina de ocultação do paradeiro'' de Queiroz, sendo a mesma articulada por uma pessoa 'com notório poder de mando', sob o codinome 'Anjo'.
Pouco antes do dia do 'churrasquinho', em 24 de novembro, o policial militar aposentado e ex-assessor também comentou que o 'anjo' já reconhecia que o Supremo Tribunal Federal estava prestes a permitir a retomada das investigações contra Flávio e Queiroz, que haviam sido paralisadas em julho.
Nessa ocasião, o operador afirma à mulher que a intenção de tal 'anjo' era 'mandar todos (ligados a Queiroz) para São Paulo' se o plenário da Corte aprovasse a retomada, o que de fato ocorreu no STF.