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Executivo de empreiteira diz que Cabral, em sua casa no Leblon, pediu 'mesada' de R$ 350 mil

Rogério Nora de Sá, um dos delatores da Andrade Gutierrez, contou ao juiz da Operação Calicute que ex-governador do Rio solicitou a 'contribuição' em troca de contratos futuros com sua gestão

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Por Redação
Atualização:
 Foto: Estadão

Executivos ligados à empreiteira Andrade Gutierrez confirmaram à Justiça Federal nesta quarta-feira, 15, mesada milionária para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB). Em audiência na 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, onde o peemedebista é réu por corrupção e lavagem de dinheiro, o empresário Rogério Nora de Sá afirmou que a empreiteira fazia uma 'contribuição mensal de R$ 350 mil', informou com exclusividade a reportagem da Globo News.

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"Essa contribuição seria deduzida em função de contratos futuros onde seria cobrado um valor sobre esses contratos", declarou Nora de Sá.

Nora de Sá é um dos delatores da Andrade Gutierrez.

Sérgo Cabral está preso em Bangu 8 desde novembro de 2016, quando a Operação Calicute - desdobramento da Lava Jato - foi deflagrada. Também está presa a advogada Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, e alguns de seus principais assessores no Palácio Guanabara.

A Calicute ganhou força com as delações dos executivos da Andrade Gutierrez, entre eles Rogério Nora de Sá.

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Na audiência desta quarta, conduzida pelo juiz Marcelo Bretas, o procurador da República Leonardo Cardoso de Freitas, que integra a força-tarefa do Ministério Público Federal, questionou Rogério Nora de Sá.

"Esse pedido foi feito ao sr, em que circunstância, onde?"

"Foi uma reunião no início de 2007 na casa do governador, no Leblon", respondeu o executivo.

Depois que os contratos foram firmados com a gestão Cabral um novo acerto foi fechado, ainda segundo Nora. Então, o peemedebista exigiu uma propina de 5% sobre o valor dos contratos de obras de grande porte, como as do Maracanã, do Arco Metropolitano e do PAC das Favelas, destacou a Globo News. Este novo acerto ocorreu em plena sede do Palácio Guanabara.

"Houve uma reunião no Palácio Guanabara, um período depois", narrou Rogéro Nora de Sá. "E nessa reunião o governador nos disse que o seu secretário de Governo, Wilson Carlos, é quem cuidaria da execução e da distribuição das obras que o governo teria."

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O procurador perguntou. "Por esses contratos ficou acertado o pagamento de valores, então?" O executivo disse. "Ficou acertado um pagamento de 5%."

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Clóvis Renato Primo, também lligado à empreiteira, declarou que 'esse dinheiro era pago via de regra em espécie'.

"Eu lembro de algumas vezes, inclusive na sede da própria Andrade Gutierrez, outras fora da Andrade." Depois, o juiz Bretas ouviu Rafael Campello, gerente da empreiteira. Ele contou ter entregue envelopes com dinheiro a Wagner Brandão, acusado no processo da Operação Calicute e apontado como braço direito de Hudson Braga, então secretário de Obras de Sérgio Cabral.

Vera Lúcia Guerra, gerente da joalheria Antonio Bernardo, localizada em um shopping no Rio, contou que vendia joias para Carlos Miranda, Sérgio Cabral e para a mulher do ex-governador, a advogada Adriana Ancelmo. "Pagavam em dinheiro vivo ou em cheques parcelados em até dez vezes. Mas, na data do vencimento, eles voltavam e trocavam cheque por dinheiro vivo."

O procurador indagou. "Como pagavam?"

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"Da mesma forma, com desconto, sem nota fiscal, com cheque parcelado e trocado mês a mês." "E quem ia trocar esse cheque mês a mês? Era o próprio Carlos Miranda? Sérgio Cabral?", insistiu o procurador.

"Não, o Sérgio não. O Carlos ou alguma outra pessoa que trabalhava com ele, não sei. Pelo Sérgio não era ele, era outra pessoa."

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