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Gilmar mantém no STF investigação sobre desvio de emendas no Ceará que mira deputado Júnior Mano

Decano do Supremo Tribunal Federal deu 15 dias para Polícia Federal apresentar relatório parcial do inquérito; parlamentar nega irregularidades na indicação de verbas a municípios cearenses

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Foto do author Rayssa Motta
Atualização:

O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira, 14, que a investigação da Polícia Federal sobre o desvio de emendas parlamentares no Ceará vai tramitar na Corte.

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A decisão reforça as suspeitas de envolvimento do deputado Antônio Luiz Rodrigues Mano Júnior, o Júnior Mano (PSB), no suposto esquema. O STF é a instância competente para investigar deputados federais.

Júnior Mano nega irregularidades na indicação de verbas a municípios cearenses. “O deputado Júnior Mano não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos. A atuação se dá exclusivamente na esfera legislativa, sem qualquer envolvimento nas administrações municipais”, disse em nota (leia a íntegra da manifestação ao final da matéria).

A Procuradoria-Geral da República (PGR) foi a favor de manter o inquérito no STF. O órgão alegou que o desmembramento poderia dificultar que as autoridades tenham um panorama geral do caso e, com isso, atrapalhar o trabalho de investigação.

Na mesma decisão, Gilmar Mendes mandou a Polícia Federal apresentar em até 15 dias um relatório parcial do caso, especificando as provas colhidas até o momento e as diligências pendentes.

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Júnior Mano se filiou ao PSB em dezembro; deputado foi expulso do PL por participar de evento em apoio a petista nas eleições municipais de 2024.  Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

A investigação teve início na Superintendência da Polícia Federal no Ceará a partir de denúncia da ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos). Ela afirma que o esquema de desvio de emendas teria se alastrado por pelo menos 51 municípios cearenses.

Carlos Alberto Queiroz Pereira, o Bebeto do Choró (PSB), atualmente foragido, foi apontado como operador dos desvios. Ele ficaria encarregado de abordar gestores públicos e oferecer emendas de Júnior Mano em troca de uma comissão.

Os autos foram enviados ao Supremo após indícios de participação do deputado. As suspeitas levaram a PF a pedir a transferência do caso. No documento, os investigadores apontaram “envolvimento direto” do parlamentar nos desvios para “alimentar o esquema (de compra de votos) e consolidar sua base de apoio político”.

Júnior Mano é cotado pelo PSB para disputar uma vaga no Senado em 2026.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO

O deputado Júnior Mano lamenta o vazamento de informações de um caso que está sob sigilo. Aliás, o deputado já pediu, mas ainda não teve acesso aos autos para se inteirar do conteúdo das acusações.

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De qualquer forma, é importante deixar claro que emendas parlamentares são recursos públicos devidamente regulamentados, cuja execução é de responsabilidade dos entes federativos e gestores locais.

O deputado Júnior Mano não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos. A atuação se dá exclusivamente na esfera legislativa, sem qualquer envolvimento nas administrações municipais.

Nas eleições de 2024, o deputado apenas manifestou apoio a alguns candidatos.