Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Lava Jato apura pagamento de mais um sócio de filho de Lula à empresa de fachada

HZ Administração e Participações, de empresário do ABC dono de cemitérios, fez repasse a empresa usada para pagamento de propina pela Andrade Gutierrez para o ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Pinheiro, em obra de Angra 3

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Affonso
Por Fabio Serapião, Ricardo Brandt, Julia Affonso, Mateus Coutinho e de Brasília

Luís Claudio, filho do ex-presidente Lula) . FOTO ERNESTO RODRIGUES/AE. Foto: Estadão

A força-tarefa da Operação Lava-Jato, em Curitiba, analisa o pagamento de R$ 68 mil efetuado por uma empresa de um sócio do filho do ex-presidente Lula, Luis Cláudio Lula da Silva, à JNobre Consultoria e Engenharia - usada pela empreiteira Andrade Gutierrez para pagar propina para o ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro da Silva, nas obras da Usina Nuclear de Angra 3.

PUBLICIDADE

O caçula de Lula já é alvo da Operação Zelotes por causa de valores recebidos da empresa Marcondes & Mautoni, acusada de atuar na compra de medidas provisórias.

A empresa responsável pelo pagamento que os investigadores rastreiam é a HZ Administração e Participações. Ela tem como sócio José Antonio Fragoas Zuffo. O empresário do ABC é um dos parceiros comerciais do filho de Lula na ZLT 500 Sports Gerenciamento e Marketing de Competições Esportivas.

A ZLT 500 foi aberta em agosto de 2010 e, atualmente, consta como empresa desativada.

 

A J Nobre declarou à Receita ter recebido, entre outubro de 2011 e junho de 2012, quatro pagamentos da HZ Administração e Participações, que totalizaram R$ 68 mil.

Publicidade

 O Estado apurou que não são os valores repassados que interessam aos investigadores. Segundo fontes com acesso à investigação, o objetivo é mapear qualquer transação financeira que possa explicar qual era a relação da família de Lula com empresas de fachada utilizadas pelas empreiteiras.

Alguns pontos chamam a atenção dos investigadores. O primeiro é a teia de empresas nas quais o filho de Lula e seus sócios, entre eles Fragoas Zuffo, possuem participação.

Na mesma ZLT, Luis Cláudio e Zuffo são sócios de Fabio Haruo Tsukamoto. Ele é sócio de várias empresas, entre elas a Bilmaker 600 Serviços em Importação e Exportação, atualmente registrada com o nome de Wdealer Serviço de Importação.

 

A Bilmaker já teve como sócio Glaucos Costamarques Bumlai, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e suspeito de custear as reformas no sítio Santa Bárbara, de Atibaia (SP), que a Lava Jato diz ser do petista.

Além da relação de parentesco com Bumlai, Glaucos é o proprietário de um apartamento utilizado pela família Lula, em São Bernardo do Campo. Em março, quando foi deflagrada a Operação Aletheia, com busca e apreensão no apartamento do ex-presidente, os policiais descobriram que a família faz uso de outro imóvel, no mesmo prédio.

Publicidade

A cobertura de Glaucos, a número 121, no edifício Hill House, fica em frente à que pertence ao petista, a 122. À época, Glaucos garantiu ao Estado que Lula lhe paga aluguel.

Essa segunda cobertura já era usada por Lula desde o primeiro ano na Presidência, em 2003. Até 2007, o PT pagou pelas despesas do imóvel para que ele guardasse o acervo que doou ao partido. No segundo mandato, o governo assumiu os custos sob a justificativa de que era necessário para a segurança do então presidente.

 

 

 

 Foto: Estadão

Sócios da família. Zuffo é mais um dos sócios dos filhos do ex-presidente investigados pela Lava Jato. A suspeita é que movimentações financeiras e investidas comerciais dos familiares podem ter ocultado movimentação de dinheiro de propina.

Empresário do ABC paulista dono do Grupo Memorial, que tem funerárias, crematórios e cemitérios, o nome de Zuffo não integra os inquéritos que investigam Lula, em fase final na Lava Jato.

O ex-presidente é alvo de três apurações principais, em Curitiba: uma sobre a compra e reformas executadas no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), outra sobre reformas no tríplex do Edifício Solaris, do Guarujá (SP), e outra sobre pagamentos e doações para a empresa de palestra do ex-presidente, a LILS Palestras e Eventos, e para o Instituto Lula.

Publicidade

No caso do sítio de Atibaia, que a Lava Jato diz pertencer a Lula, os principais alvos até aqui são os empresários Fernando Bittar - filho do ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar - e Jonas Suassuna. Os dois aparecerem como donos do Sítio Santa Bárbara. Lula diz não ser o dono.

Para os investigadores, o imóvel, além de ter sido comprado em nome de laranjas, foi reformado por empreiteiras acusadas de corrupção na Petrobrás.

COM A PALAVRA, AS DEFESAS

Procurado, Glaucos disse que não iria comentar as informações da reportagem.

Anteriormente, Glaucos negou que a compra do imóvel em São Bernardo tenha sido um pedido de Bumlai, amigo de Lula. Morador de Campo Grande (MS), o primo de Bumlai disse ao Estado que adquiriu a cobertura por sugestão do advogado Roberto Teixeira.

Publicidade

A reportagem procurou José Fragoas Antonio Zuffo, mas não conseguiu contato. Sócio de Fragoas Zuffo na HZ, o advogado Hamilton Dias de Souza informou, por meio de um representante, que os pagamentos efetuados à J Nobre são referentes a "serviços técnicos de consultoria para aprovação de licença de funcionamento".

Segundo Dias Souza, a contratação da J Nobre teria sido negociada por Fragoas Zuffo.

O Instituto Lula, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não comentaria o caso, porque não há acusação contra o filho do ex-presidente.

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.