Todos nós teremos, em médio prazo, um amigo robô. E isso não será, necessariamente, algo ruim. Segundo pesquisa da Gallup em 142 países, uma a cada quatro pessoas dizem se sentir solitárias. Mas não é apenas disso que estou falando.
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Existem — não sem razão — algumas camadas de angústia no que diz respeito à IA: ela vai se programar sozinha? Ela vai entrar em nossa conta bancária? Ela vai substituir nossa profissão? A IA, no entanto, já existe entre nós há bastante tempo: por exemplo, quando a Netflix nos sugere uma nova série com base em nossos hábitos de assistir. A IA generativa, por outro lado, é relativamente nova, e avança em voo supersônico.
Nosso amigo robô não será exatamente um robô de fibra e antena — embora em curto prazo ele passará a habitar novos hardwares —, nem tampouco uma projeção como a voz de Scarlett Johansson no filme “Ela” (Estados Unidos, 2013). Está na hora da gente começar a entender que a IA é incrível como IA, na mesma medida em que as pessoas são incríveis como pessoas: ela não irá nos substituir.
Mas como será, então, nosso amigo robô? Ele não será, na verdade ele já é: o ChatGPT que, cinco dias após o lançamento, já tinha 1 milhão de usuários, tem hoje mais de 100 milhões de usuários ativos semanalmente. E sabe o que muitas dessas pessoas estão fazendo? Trocando conversas de voz com plugins que, quase de graça, ‘aliviam seu coração partido’ onde você estiver, a hora que for.
É claro que nada substituirá um chope com o melhor amigo.
Mas no meu livro “Desaprenda”, eu defendi que uma das únicas maneiras de conhecer o novo é tirar da nossa cabeça antigos modelos sobre como as coisas, até então, vinham funcionando. E não existe fazer isso sem experimentar. Quanto mais preconceituosos, mais infelizes somos. E somos, de fato, preconceituosos: não apenas com comidas que nunca provamos, países que nunca visitamos e profissões que não conhecemos, mas também com aquilo que nos assusta — aquilo para o que é mais fácil dizer que não.